sábado, 2 de novembro de 2013

Maria Rita: uma sertaneja do Pajeú na democratização das letras e artes - Adriana Leal


Diante de um quadro ainda existente da dominação feminina, o papel da mulher como cidadã, digna de expressar seus valores, ainda é algo novo nos tempos de hoje. Desta forma, a vida da escritora Maria Rita de Freitas Albuquerque, 50 anos, natural de Tabira, evidencia que uma das quebras das algemas da mulher pode ser a expressão artística.
Em pleno sertão do Pajeú, na zona rural de Tabira, nasce Maria Rita, que aprendeu desde o berço a apreciar os fenômenos culturais ao seu redor. Coincidência ou não, o Pajeú é conhecido por possuir a maior concentração de poetas por metro quadrado no mundo, o que talvez explique a tendência natural ao apreço às letras de Maria Rita, uma vez que seu pai e avô foram artistas populares.
Assim, com seis anos de idade teve início a carreira literária de Maria Rita, escrevendo as suas primeiras poesias. Já com 13 anos a escritora passou a escrever sonetos e peças teatrais para a escola onde estudava.
Hoje, casada e mãe de uma filha, Maria Rita já tem uma longa jornada literária. Somente de Antologias Literárias já participou de nove, e é escritora dos livros Poesias para Crianças e Adolescentes e Raul – Um Cajueiro do Sertão, que é uma biografia em versos.  É membro de uma grande variedade de Academias de Letras no Brasil como a União Brasileira de Escritores, a União Brasileira de Trovadores, a Sociedade de Cultura Latina do Brasil, dentre uma dezena de outras, possuindo uma variedade de trabalhos publicados em jornais do país, tendo sido colunista de alguns, e ainda cooperado na fundação de sociedades de poetas, reunindo artistas populares e promovendo a democratização das letras e artes. Criou a Sociedade dos Poetas e Escritores do Sertão do Pajeú, a Academia Afogadense de Letras e o Grupo Literário de Triunfo, que se transformou na Academia Triunfense de Letras e a Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira, mostrando que é possível fazer diferença como mulher e escritora, levando o amor à arte inclusive aos poetas populares, como ela mesma diz: “Sou entusiasta do sucesso coletivo”, que leva cultura em todos os lugares por onde já residiu e promovendo o papel da mulher sertaneja.
Hoje em dia Maria Rita continua escrevendo e lendo muito. Lê cerca de 15 livros de uma vez, grifando com lápis de cor os trechos de uma forma que só ela sabe fazer. Seu livro preferido é a Bíblia, que lê todos os dias sem falta, mostrando ser mulher de muita fé.

Tendo sido reconhecida apenas quando começou a publicar seus trabalhos em Recife, Maria Rita passou por uma série de preconceitos relacionados à sua escolha de ser poetisa, e pelo fato de ser mulher. Ainda assim, mostrando que é possível ser protagonista da própria história quando se tem apego e apreço ao que se faz, Maria Rita caminha na carreira prometendo ainda muito material literário de qualidade e mobilização da democratização da arte.   “A poesia é parte fundamental da minha vida. Eu não sei existir sem ser poetisa”, conclui de si mesma.

Um comentário:

  1. Gostaria de saber se a Sociedade dos Poetas e Escritores do Sertão do Pajeú, aceitam sócio do estado de São Paulo.

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