Diante de um quadro ainda existente da dominação
feminina, o papel da mulher como cidadã, digna de expressar seus valores, ainda
é algo novo nos tempos de hoje. Desta forma, a vida da escritora Maria Rita de Freitas
Albuquerque, 50 anos, natural de Tabira, evidencia que uma das quebras das
algemas da mulher pode ser a expressão artística.
Em pleno sertão do Pajeú, na zona rural de Tabira,
nasce Maria Rita, que aprendeu desde o berço a apreciar os fenômenos culturais ao
seu redor. Coincidência ou não, o Pajeú é conhecido por possuir a maior
concentração de poetas por metro quadrado no mundo, o que talvez explique a
tendência natural ao apreço às letras de Maria Rita, uma vez que seu pai e avô
foram artistas populares.
Assim,
com seis anos de idade teve início a carreira literária de Maria Rita,
escrevendo as suas primeiras poesias. Já com 13 anos a escritora passou a
escrever sonetos e peças teatrais para a escola onde estudava.
Hoje,
casada e mãe de uma filha, Maria Rita já tem uma longa jornada literária.
Somente de Antologias Literárias já participou de nove, e é escritora dos
livros Poesias para Crianças e
Adolescentes e Raul – Um Cajueiro do
Sertão, que é uma biografia em versos. É membro de uma grande variedade de Academias
de Letras no Brasil como a União Brasileira de Escritores, a União Brasileira
de Trovadores, a Sociedade de Cultura Latina do Brasil, dentre uma dezena de
outras, possuindo uma variedade de trabalhos publicados em jornais do país,
tendo sido colunista de alguns, e ainda cooperado na fundação de sociedades de
poetas, reunindo artistas populares e promovendo a democratização das letras e
artes. Criou a Sociedade dos Poetas e Escritores do Sertão do Pajeú, a Academia
Afogadense de Letras e o Grupo Literário de Triunfo, que se transformou na
Academia Triunfense de Letras e a Sociedade dos Poetas e Escritores de
Pesqueira, mostrando que é possível fazer diferença como mulher e escritora,
levando o amor à arte inclusive aos poetas populares, como ela mesma diz: “Sou
entusiasta do sucesso coletivo”, que leva cultura em todos os lugares por onde já
residiu e promovendo o papel da mulher sertaneja.
Hoje
em dia Maria Rita continua escrevendo e lendo muito. Lê cerca de 15 livros de
uma vez, grifando com lápis de cor os trechos de uma forma que só ela sabe
fazer. Seu livro preferido é a Bíblia, que lê todos os dias sem falta,
mostrando ser mulher de muita fé.
Tendo
sido reconhecida apenas quando começou a publicar seus trabalhos em Recife,
Maria Rita passou por uma série de preconceitos relacionados à sua escolha de
ser poetisa, e pelo fato de ser mulher. Ainda assim, mostrando que é possível
ser protagonista da própria história quando se tem apego e apreço ao que se
faz, Maria Rita caminha na carreira prometendo ainda muito material literário
de qualidade e mobilização da democratização da arte. “A
poesia é parte fundamental da minha vida. Eu não sei existir sem ser poetisa”,
conclui de si mesma.
Gostaria de saber se a Sociedade dos Poetas e Escritores do Sertão do Pajeú, aceitam sócio do estado de São Paulo.
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