quarta-feira, 21 de maio de 2014

O tempo e a vida - Edmilton Torres


Desprezei o tempo procurando a vida
Irônica vida
Que hoje me cobra tempo
O tempo perdido.
Ao buscar a vida esqueci o tempo
Implacável tempo
Que hoje me cobra vida
E a obra não concluída
A obra da minha vida
Quanto tenho?
Quanto presta?
Quanto tempo?
Quanto resta?
Não sei...


quarta-feira, 14 de maio de 2014

1º Chá Poético - Terça-feira, 13 de maio de 2014, às 19h30 - Casa da poetisa Jacqueline Torres

 Noite chuvosa e fria. Prestigiaram-nos com suas presenças os pais de Jacqueline que, aliás, o pai, poeta Satiro, brindou-nos com poesias de sua autoria caligrafadas décadas atrás. Declamamos entre aplausos e sorrisos; bons comentários e aqueles chás quentes, deliciosos, compondo a mesa farta de doces e salgados. Fizemos duas rodadas literárias com os seguintes participantes: Célio Guimarães, Genival Poeta, Jacqueline Torres, Maria José Gomes (Juza), Maria Rita, Zuleide Siqueira e Valter Leal. Genival homenageou o poeta Dedé Monteiro recitando o poema “DEPOIS QUE A FEIRA TERMINA”. Dedé Monteiro é membro da APPTA – Associação dos Poetas e Prosadores de Tabira, minha cidade natal. Contamos com a colaboração da amiga Olindina Guimarães, esposa de Célio. Olindina fotografou os momentos marcantes do recital. No encerramento, gentilmente, nossa anfitriã distribuiu sachês com pequenos trechos poéticos dos integrantes da SOPOESPES. Somos gratos ao esposo e filhos da poetisa Jacqueline Torres, que honrosamente nos receberam na sua residência para tão singular evento.

Maria Rita de Freitas Albuquerque
Idealizadora/Fundadora da SOPOESPES/Presidente.
Pesqueira-PE, dia 19














sábado, 10 de maio de 2014

PARA INGLÊS VER - Walter Jorge de Freitas


                Considerando que um pouquinho de História não faz mal a ninguém, recorremos a ela para justificar a origem do título acima.
O Imperador D. Pedro I, nove anos após proclamar a independência do Brasil, por absoluta falta de jogo de cintura, renunciou ao trono. Como o seu filho, herdeiro natural da Coroa era menor de idade, deram um jeitinho e foi adotado o sistema de regências.
No Brasil ainda existia a escravidão negra, havendo por isto, muita pressão do governo inglês e até retaliações de caráter comercial.
Para agradar aos ingleses, os governos provisórios resolveram editar uma série de leis visando combater o tráfico de escravos.
Tais leis, talvez pela falta de credibilidade dos governantes, não tiveram nenhuma eficácia e foram motivos para brincadeiras e piadas. Assim nasceu a expressão: “PARA INGLÊS VER”.
            Lamentavelmente, as nossas autoridades ainda não se tocaram e continuam criando leis cuja aplicabilidade depende da fiscalização do cidadão ou de outros mecanismos frágeis e por isso, nunca saem do papel.
            É o caso da propalada Lei do Silêncio, que vem ocupando as páginas dos jornais desde 2009, mas com pouco ou nenhum resultado prático.
            Ao que parece, cabe ao Ministério Público fiscalizar. A tarefa de fazer valer o que está escrito é dos municípios.
Mas existe um “porém”: a denúncia deve partir da própria pessoa que se sentir prejudicada, o que normalmente não ocorre, porque ninguém vai querer arranjar encrencas sem mais nem menos, principalmente, quando isto deveria ser feito pelas autoridades competentes. 
            Outro detalhe: achamos pouco provável que os governos municipais tenham condições para coibir tais abusos, principalmente no tocante aos carros de propaganda, já que são eles os maiores usuários desse serviço.
            O resultado está aí: carros de som circulando livremente, sem respeitar horário, volume e, principalmente, os locais onde deveria haver proibição como, por exemplo, nas proximidades das escolas.
            Nada temos contra os profissionais que exercem o seu sagrado direito de trabalhar, mas como toda e qualquer atividade, esta também precisa ser disciplinada por quem de direito, para o bem de todos.
            Ainda bem que os barulhentos constituem uma pequena minoria.


                                               Pesqueira, 13 de abril de 2011.    
           



domingo, 4 de maio de 2014

ATAULFO, O ELEGANTE - Walter Jorge de Freitas



                Ataulfo Alves - um dos maiores gênios da MPB - nasceu no município de Mirai (MG), em 02 de maio de 1909. Ser filho de um violeiro, com certeza, teve influência para que ele se dedicasse à vida artística. Aos oito anos, já fazia uns versinhos.
            Perdeu o pai quando tinha apenas nove anos de idade e por ser o mais velho dos filhos, enfrentou o trabalho, ainda novinho, a fim de ajudar na manutenção da família.
            Mudou-se para o Rio de Janeiro, levado pelo médico Afrânio Moreira, amigo da família, que lhe deu emprego em sua casa. Mais tarde, trabalhando numa farmácia, conheceu Carmem Miranda, que em pouco tempo viria a ser a grande cantora de fama internacional.
            Ataulfo tinha por hábito, ao sair do trabalho, dar uma passadinha nos locais onde havia rodas de samba. Conheceu muita gente famosa, mas nunca procurou seguir ninguém.
            Como bom mineiro que era, soube ajustar o jeito carioca de fazer samba à sua mineirice e deu uma cadência mais lenta às músicas que ia compondo, enriquecendo-as com letras e melodias românticas e cheias de talento.
            Alcebíades Nogueira (Bide), sambista bastante influente na época, foi quem o encaminhou no ano de 1934 aos estúdios da RCA Victor, cujo diretor artístico, Mr. Evans, depois de ouvi-lo cantar algumas de suas músicas, mandou chamar Carmem Miranda para escutar o novo sambista. O próprio Ataulfo narra que Carmem demonstrou surpresa quando descobriu  que se tratava daquele balconista da farmácia.
            Embora a sua carreira tenha se iniciado de forma parecida com a de outros sambistas, ele foi diferente dos demais. Simplesmente inovou.
            Deduz-se que, para compensar suas limitações vocais, ele passou a cantar acompanhado de quatro vozes femininas. Lembro-me muito bem do locutor Cezar de Alencar anunciando no seu programa dos sábados: “Com vocês, Ataulfo Alves e suas Pastoras”.
            Era bastante comedido nos seus atos, na maneira de conviver com os amigos, na forma de vestir e até no estilo de elaborar suas composições. Este comportamento levou alguns cronistas especializados a incluí-lo entre os homens mais elegantes do país.
            Foi muito seletivo e feliz em suas parcerias. Mário Lago, Bide, Wilson Batista, Zé da Zilda, Aldo Cabral, Carlos Imperial e Claudionor Cruz, são os mais conhecidos. O sucesso e a fama nunca mudaram o seu jeito de ser – sem estrelismo - pautado na simplicidade que trouxe do berço e o acompanhou por toda a vida.
            Marcou presença nas paradas de sucessos com os sambas Ai, Que Saudades da Amélia, Atire a Primeira Pedra, Pois É, Leva Meu Samba, Você Passa e Eu Acho Graça, Solitário, Meus Tempos de Criança. A valsa A Você (dele e Aldo Cabral) gravada por Carlos Galhardo e outros cantores do gênero, também lhe rendeu muito prestígio.      
              Ao submeter-se a uma cirurgia de úlcera, que segundo o seu médico, seria um procedimento simples, o renomado sambista teve complicações e faleceu no dia 20 de abril de 1969, deixando uma enorme lacuna no nosso cancioneiro popular.
            Um de seus filhos – Ataulfo Júnior – seguiu a carreira do pai e vem mantendo a mesma linha, cantando os sambas românticos e de andamento lento, criados por ele e seus parceiros e imortalizados na sua voz e de outros intérpretes. Ainda bem!


                                               Pesqueira, 1º de maio de 2012.