Ataulfo Alves - um dos
maiores gênios da MPB - nasceu no município de Mirai (MG), em 02 de maio de
1909. Ser filho de um violeiro, com certeza, teve influência para que ele se
dedicasse à vida artística. Aos oito anos, já fazia uns versinhos.
Perdeu
o pai quando tinha apenas nove anos de idade e por ser o mais velho dos filhos,
enfrentou o trabalho, ainda novinho, a fim de ajudar na manutenção da família.
Mudou-se
para o Rio de Janeiro, levado pelo médico Afrânio Moreira, amigo da família,
que lhe deu emprego em sua casa. Mais tarde, trabalhando numa farmácia,
conheceu Carmem Miranda, que em pouco tempo viria a ser a grande cantora de
fama internacional.
Ataulfo
tinha por hábito, ao sair do trabalho, dar uma passadinha nos locais onde havia
rodas de samba. Conheceu muita gente famosa, mas nunca procurou seguir ninguém.
Como
bom mineiro que era, soube ajustar o jeito carioca de fazer samba à sua
mineirice e deu uma cadência mais lenta às músicas que ia compondo,
enriquecendo-as com letras e melodias românticas e cheias de talento.
Alcebíades
Nogueira (Bide), sambista bastante influente na época, foi quem o encaminhou no
ano de 1934 aos estúdios da RCA Victor, cujo diretor artístico, Mr. Evans,
depois de ouvi-lo cantar algumas de suas músicas, mandou chamar Carmem Miranda
para escutar o novo sambista. O próprio Ataulfo narra que Carmem demonstrou
surpresa quando descobriu que se tratava
daquele balconista da farmácia.
Embora
a sua carreira tenha se iniciado de forma parecida com a de outros sambistas,
ele foi diferente dos demais. Simplesmente inovou.
Deduz-se
que, para compensar suas limitações vocais, ele passou a cantar acompanhado de
quatro vozes femininas. Lembro-me muito bem do locutor Cezar de Alencar
anunciando no seu programa dos sábados: “Com vocês, Ataulfo Alves e suas Pastoras”.
Era
bastante comedido nos seus atos, na maneira de conviver com os amigos, na forma
de vestir e até no estilo de elaborar suas composições. Este comportamento
levou alguns cronistas especializados a incluí-lo entre os homens mais
elegantes do país.
Foi
muito seletivo e feliz em suas parcerias. Mário Lago, Bide, Wilson Batista, Zé
da Zilda, Aldo Cabral, Carlos Imperial e Claudionor Cruz, são os mais
conhecidos. O sucesso e a fama nunca mudaram o seu jeito de ser – sem
estrelismo - pautado na simplicidade que trouxe do berço e o acompanhou por
toda a vida.
Marcou
presença nas paradas de sucessos com os sambas Ai, Que Saudades da Amélia,
Atire a Primeira Pedra, Pois É, Leva Meu Samba, Você Passa e Eu Acho Graça,
Solitário, Meus Tempos de Criança. A valsa A Você (dele e Aldo Cabral) gravada
por Carlos Galhardo e outros cantores do gênero, também lhe rendeu muito
prestígio.
Ao submeter-se a uma cirurgia de
úlcera, que segundo o seu médico, seria um procedimento simples, o renomado
sambista teve complicações e faleceu no dia 20 de abril de 1969, deixando uma
enorme lacuna no nosso cancioneiro popular.
Um
de seus filhos – Ataulfo Júnior – seguiu a carreira do pai e vem mantendo a
mesma linha, cantando os sambas românticos e de andamento lento, criados por
ele e seus parceiros e imortalizados na sua voz e de outros intérpretes. Ainda
bem!
Pesqueira,
1º de maio de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário