terça-feira, 28 de junho de 2016

Quando o caboclo é valente - Autor: Edmilton Torres



I
Quando a caboclo é valente
Não gosta de se mostrar
Não gosta de confusão
Muito menos de brigar
Mas não tem pena de choro
Nem carrega desaforo
Se alguém vem lhe provocar

II
Foi assim que aconteceu
Com compadre Pedro Oião
Ele estava num forró
Dançando com Conceição
Quando chegou um sujeito
Pisou no seu pé direito
Que quase esmaga o dedão

III
Sentindo uma grande dor
Ele parou de dançar
Esperando que o cabra
Viesse se desculpar
Porém ele não pediu
Desdenhou e até sorriu
E ficou a lhe encarar

IV
Pedro então olhou pra ele
Com seus olhos de carneiro
Observou se o cabra
Estava com algum parceiro
Manjou a situação
E alertou Conceição
Sobre o sujeito encrenqueiro

V
Continuou a dançar
Mudando de direção
E procurou um cantinho
Sossegado do salão
Quando levou um sopapo
Caiu mole feito um trapo
Por cima de Conceição

VI
Tentando manter a calma
Levantou-se devagar
Quando viu o mesmo cara
Sorridente a lhe encarar
Pedro estendeu a mão
E ajudou conceição
Pra ela se levantar

VII
Depois dirigiu-se ao cara
E ficaram frente a frente
Esperou alguns instantes
Depois disse calmamente
E agora por favor
Eu espero que o senhor
Peça desculpas pra gente

VIII
Com o seu ar de deboche
O sujeito lhe encarou
E sem lhe pedir desculpas
Deu-lhe as costas e se afastou
Pedro pegou Conceição
Retirou-a do salão
E para casa a levou

IX
Depois voltou pra o forró
Dirigiu-se até o bar
Pediu uma cachacinha
Quando acabou de tomar
Circulou pelo salão
Procurando o valentão
E viu que estava a dançar

X
Pedro sempre carregava
Para a sua proteção
Um revólver trinta e oito
Amarrado com um cordão
Por debaixo do sovaco
Quando vestia o casaco
Disfarçava o três oitão
XI
Dependendo da coragem
Daquele cabra safado
Talvez não fosse preciso
Um tiro ser disparado
Somente por precaução
Se houvesse precisão
Ele estava preparado

XII
Com calma e sem alarde
Se aproximou do sujeito
Quando o cara percebeu
Largou a dama de um jeito
Que ela se esborrachou
A sua blusa arriou
E ficou mostrando um peito

XIII
Pedro Oião disse pra o cara
Demonstre ser cavalheiro
Ajude sua parceira
E vamos para o terreiro
Eu e você frente a frente
Pra ver quem é o valente
E quem é o pipoqueiro

XIV
Outrora muito arrogante
Ele sentiu a pressão
O riso sumiu da cara
Limpou o suor da mão
Disfarçou a tremedeira
E ajudou a parceira
A se levantar do chão

XV
A seguir fez um sinal
Pra um suposto parceiro
Que estava num tamborete
Brincando com um isqueiro
Acendendo e apagando
E depois saiu andando
Em direção ao terreiro

XVI
Pedro percebeu a trama
Mas muito calmo fingiu
Não esboçou reação
Até que o cara saiu
Olhou enquanto fingia
Se mais alguém o seguia
Porém ninguém o seguiu

XVII
Sem esperar pelo outro
Pedro deixou o salão
Encontrando o tal sujeito
Escondido no oitão
Com a arma engatilhada
Apontou pra o camarada
E disse – Preste atenção

XVIII
Está cheinho de bala
E eu não costumo errar
Só vou falar uma vez
E trate de me escutar
Eu não quero mais lhe ver
Então comece a correr
Só pare quando eu mandar

XIX
O cabra nem esperou
Pedro acabar de falar
Estava tão assustado
Que só faltou se cagar
Desembestou na carreira
Que só se via a poeira
Se espalhando no ar

XX
O outro quando saiu
E não viu o seu amigo
Deu uns dois passos pra trás
Como quem sente um perigo
Então surgiu Pedro Oião
E disse pra o valentão
O seu negócio é comigo

XXI
Pedro já se aproximou
Com o revolver na mão
Enfiou na boca dele
E acionou o cão
O cabra foi se tremendo
O mijo foi escorrendo
Deixando a poça no chão

XXII
Pedro então falou bem calmo
Não sou homem de brigar
Mas não levo desaforo
De quem vem me provocar
Se tu gostas de viver
Então começa a correr
Senão eu vou atirar

XXIII
Nem precisou repetir
O cabra desembestou
Os pés batiam na bunda
E Pedro Oião atirou
Deu um tiro para o alto
O sujeito deu um salto
E na capoeira entrou

XXIV
Pedro então montou na moto
E foi buscar Conceição
Voltou com ela pra festa
E se esbaldou no salão
Forrozou a noite inteira
Feliz com sua parceira
E sem aporrinhação

Fim








terça-feira, 14 de junho de 2016

FESTA QUE ARRASTA POVÃO Francisco Aquino

O arrasta pé
Esta no ar
Com o povo
A brincar
Encantando pra fincar
Orgulhando o ser sofrido
Com o seu lindo cantar.
O nordestino reveste-se
De esperança e alegria
Com boa comida típica
Pra festejar o S. João.
Musica boa de arrasta pé
Muita dança alegria e rojão.
E o forro em ação
Com o nordestino
Enaltecendo o seu torrão.
O nordeste se enfeita
Pra encantar no seu S. João
Com fogueira acessa
Milho assado vendo a chama
Da paixão.
E o ciclo junino rico
Em emoção.
Com bandeiras enfeitando
Até o coração por pura emoção,
Vida alegre de coração.
Casamento matuto de montão
E adivinhação faz o bairro vibrar
Com muito forro e quentão.
São os festejos juninos
Bonito de se ver
Os santos festejados
Santo Antônio casamenteiro,
São Pedro e finalmente o São João
Festejado com alegria e foguetão.
Cantado em versos, prosa.
A grande manifestação
Do amado e sofrido povão.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

A festa de São João que terminou em briga - Autor: Edmilton Torres













    I
A gente lá do Sertão
No mês de junho se alegra
E todo o povo se integra
Pra festejar São João
Faz parte da tradição
E todo mundo respeita
E quando é boa a colheita
Aumenta nossa euforia
Todo ano com alegria
Eu sigo a mesma receita

    II
Mandei limpar o terreiro
Construí uma palhoça
Fui buscar milho na roça
Contratei um sanfoneiro
E mandei um mensageiro
Espalhar na região
Que toda a população
Estaria convidada
Pra uma festa arretada
Na noite de São João

    III
Preparei uma fogueira
Comprei roqueira e rojão
Fiz um tonel de quentão
Cerveja na geladeira
Cachaça na prateleira
Tira-gosto pra danar
Não quis economizar
Para não passar vergonha
Canjica, milho e pamonha
Tinha pra empanzinar


    IV
Assim que escureceu
Eu acendi a fogueira
Botei pra dentro a primeira
Chega a língua adormeceu
A segunda já desceu
Como água mineral
Foi chegando o pessoal
Na maior animação
Eu gritei: - Viva São João!
E fomos pra o arraial

    V
Então Pedro Sanfoneiro
Pegou seu acordeom
Quando o povo ouviu o som
Acabou o converseiro
Cada dama e cavalheiro
Já foi formando seu par
E começaram a dançar
Sem preconceito nem luxo
Foi o maior rela buxo
Que já se viu no lugar

    VI
Alguns estavam dançando
Outros tomando cachaça
Todo mundo achando graça
Se divertindo e cantando
Alguns casais namorando
Fazendo adivinhação
E no terreiro o clarão
Da fogueira crepitando
E o sanfoneiro tocando
Forró, xaxado e baião


    VII
A festa tava animada
Na mesa muita comida
No balcão muita bebida
E a palhoça lotada
A cabroeira suada
E a poeira subindo
Já tinha dama tossindo
Com o cheiro da sovaqueira
E a fumaça da fogueira
Pelas narinas subindo

    VIII
Entrou pela madrugada
Ninguém arredava pé
Já tinha bebum de ré
Tombando pela estrada
Foi aí meu camarada
Que o cenário mudou
Um sujeito se engraçou
Da noiva de Zé Cruela
Queria dançar com ela
Mas a moça recusou

    IX
A moça muito polida
Pediu pra lhe perdoar
Mas não podia dançar
Pois era comprometida
Já tava até de saída
Esperando o companheiro
Que tinha ido ao banheiro.
Sorriu com educação
Fez um aceno de mão
E saiu para o terreiro

    X
O cabra não aceitou
A recusa da donzela
Foi assediando ela
E no seu braço agarrou
A moça se afastou
Mas ele não desistiu
Quando Zé Cruela viu
Que a sua namorada
Tava sendo importunada
Pra cima dele partiu

    XI
Zé Cruela acostumado
A derrubar touro brabo
Pelo chifre ou pelo rabo
Não foi muito delicado
Nem deu tempo ao assanhado
Esboçar uma reação
Quando viu tava no chão
Com Zé Cruela montado
Um olho roxo e inchado
Cheio de escoriação

    XII
O tal do arruaceiro
Que ninguém sabe quem era
Tava com uma galera
Que se ajuntou ligeiro
E partiu como um vespeiro
Pra cima de Zé Cruela
Ele tentou fugir dela
Mas logo foi alcançado
E foi imobilizado
Com uma gravata na goela

    XIII
Amigos de Zé Cruela
Também estavam na festa
Foi um rolo da molesta
Nunca vi briga daquela
O sangue deu na canela
Teve gente que brigou
E até quem apanhou
Sem saber qual o motivo
No final quem saiu vivo
Até que comemorou

    XIV
Eu não podia apartar
Com tanta gente brigando
O cacete foi rolando
Até a justa chegar
A Polícia Militar
De cassetete na mão
Acabou a confusão
Distribuindo porrada
Foi a maior debandada
Não ficou um valentão

    XV
Minha festa de São João
Findou na delegacia
Quando amanheceu o dia
Eu vi a devastação
Minha palhoça no chão
A sanfona arrebentada
Muita garrafa quebrada
Roupa, chapéu e sapato
Espalhados pelo mato
E a comida espalhada

    XVI   
A anfitriã da festa
Rosinha minha patroa
É quem mais amaldiçoa
Tá virada na molesta
Com um galo no meio da testa
Pois ao fugir do cacete
Escorregou num tapete
Que tava no meio da sala
A coitada abriu escala
Com a testa num tamborete

    XVII
Findei o dia quebrado
Só limpando a bagaceira
Tinha brasa da fogueira
Em cima até do telhado
Depois de tudo arrumado
Tomado de frustração
Tomei uma decisão
Que não mudo até morrer
Nunca mais eu vou fazer
Uma festa de São João








CONVITE - LANÇAMENTO DO LIVRO DO POETA EDMILTON TORRES

Caros poetas e escritores

Convido-os para o lançamento do meu primeiro livro solo, intitulado "Espelhos e Janelas", a ser realizado no segundo sábado de julho, dia 09/07/2016, às 20 horas, na Academia Pesqueirense de Letras e Artes - APLA.
Ficarei muito feliz com as suas presenças.
 
Grande abraço,


Edmilton Bezerra Torres

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Arraiá da Sopoespes

Convidamos a todos os membros e amigos da Sociedade dos Poetas e Escritores de Pesqueira (Sopoespes) para, em conjunto com a Academia Pesqueirense de Letras e Artes (Apla), estejam presentes no dia 18 de junho, às 19h, na Cruzada Feminina, para o Arraiá da Sopoespes. Cada convidado deve levar um prato de comida junina para compartilhar.