quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Poesia, Poema e Prosa

Um simples questionamento emerge como sendo a mola propulsora dessa discussão que por ora travamos:poema ou poesia? Pode-se dizer que por mais que estes termos sejam utilizados de forma recorrente, muitos ainda acabam confundindo e achando que se trata de dois elementos sinônimos – concepção essa materializada de forma errônea, equivocada.
Pois bem, caro(a) usuário(a), gostaríamos de deixar bem claro que para entendermos acerca de tais definições, temos de estar cientes de um fato: existem aqueles textos em que prevalece o sentido denotativo da linguagem e aqueles em que o olhar subjetivo emerge por parte do emissor e do receptor, sobretudo. Nesse sentido, equivale afirmar que poesia se refere àquela circunstância de comunicação em que prevalecem algumas intenções voltadas para a subjetividade, para as múltiplas interpretações. Nesse ínterim, os recursos advindos do próprio emissor se tornam plenamente válidos, haja vista que o objetivo não é o de informar, instruir, mas sim o de entreter, provocar emoções, despertar sentimentos. É o que chamamos de função poética da linguagem, pois nela prevalecem a sonoridade, a combinação das rimas, o jogo de palavras, o uso de figuras de linguagem, o uso de imagens, enfim. Partindo desse princípio, hemos de convir que a poesia se define como estado de alma, fruição, sentimentalismo.
De tal estado, ou seja, de tal intenção demarcada por parte de quem escreve, provém o que chamamos de poema, considerado, portanto, uma unidade da poesia. Trata-se de uma construção que se difere daquela que convencionalmente costumamos encontrar em um texto em prosa, ou seja, caracterizada por um início, meio e fim através de parágrafos. Ao constrário de tal construção, o poema se efetiva por meio de versos, os quais, uma vez reunidos, compõem o que chamamos de estrofe.  Lembrando que esses versos podem ser constatados como sendo cada linha do poema.
 Cremos, portanto, que tais elucidações tendem a se tornar ainda mais efetivas quando partimos  para exemplos concretos, os quais nos possibilitam demarcar a presença dos elementos já citados. Por isso, vejamos:
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Vinicius de Moraes
Deparamo-nos com uma construção poética demarcada por dois quartetos e dois tercetos,  o que nos faz dar conta de se tratar de um soneto. Nele verificamos a presença de outros elementos, tais como a sonoridade, a materialização das rimas, entre outros.
Agora, ao nos atermos a alguns textos, tais como o artigo de opinião, o editorial, os textos científicos de uma forma geral, entre outros exemplos, estamos, sem nenhuma dúvida, constatando que são textos escritos em forma de prosa, ou seja, são estruturados em parágrafos e possuem início, desenvolvimento e fim. Dados tais atributos, partimos então para um exemplo de artigo de opinião, sob a autoria de Lya Luft, colunista da revista Veja:
A BOA ESCOLA
Meu brilhante colega Gustavo Ioschpe, uma das mais lúcidas vozes no que diz respeito à educação, escreveu sobre o que é um bom professor. Eu já começava este artigo sobre o que acho que deva ser uma boa escola, então aqui vai.
Primeiro, a escola tem de existir. No Brasil há incrivelmente poucas escolas em relação à necessidade real.
Tem de existir escolas para todas as crianças, em todas as comunidades, as mais remotas, com qualidades básicas: não ultrapassar o número de alunos bem acomodados, e que eles não tenham de se locomover para muito longe; instalações dignas, que vão das mesas às paredes, telhado, pátio para diversão e recreio, lugar para exercício físico e esportes; instalações sanitárias decentes, cozinha para alimentar os que não comem suficientemente em casa; alguém com experiência médica ou de enfermagem para atender os que precisarem.
Em cada sala de aula, naturalmente, uma boa prateleira com livros sem dúvida doados pelos governos federal, estadual, municipal. E que ali se ensine bem o essencial: aritmética, bom uso da linguagem, noções de história e geografia para que saibam quem são e onde no mundo se situam.
Falei até aqui apenas de ensino elementar em escolas menos privilegiadas economicamente. Em comunidades mais resolvidas nesse sentido, tudo isso não será apenas bom, mas excelente, desde a parte material até professores muito bem preparados que sejam bem exigidos e bem pagos.
No chamado segundo grau, além de livros, quem sabe computadores, mas – ainda que escandalizando alguns – creio que esses objetos maravilhosos, que eu mesma uso constantemente, não substituem um bom professor. E que, nesse degrau da vida, todos sejam preparados para a universidade, desde que queiram e possam.
Pois nem todos querem uma carreira universitária, nem todos têm capacidade para isso: para eles, excelentes Escolas Técnicas, depois das quais podem ter mais ganho financeiro do que a maioria dos profissionais liberais.
Professores com mestrado e se possível doutorado, diretores que conheçam administração, psicólogos que conheçam psicologia, todos com saber e postura que os alunos respeitem a fim de que possam aprender.
Finalmente a universidade, que enganosamente se julga ser o único destino digno de todo mundo (já mencionei acima os cursos técnicos cada dia melhores e mais especializados). Universidade precisa existir, mas não na abundância das escolas elementares.
É incompreensível e desastrosa a multiplicação de faculdades de medicina, por exemplo, cujas falhas terão efeitos dramáticos sobre vidas humanas. Temos pelo país muitas onde alunos não estudam anatomia, pois não há biotério, não têm aulas práticas, pois não há hospital-escola. Essa é uma realidade assustadora, mas bastante comum, que, parece, se tenta corrigir.
Dessas pseudofaculdades sairão alunos reprovados nas essenciais provas do CRM, mas que eventualmente vão trabalhar sem condição de atender pacientes. Faculdades de direito pululam pelo país, sem professores habilitados, sem boas bibliotecas, formando advogados que nem escrever razoavelmente conseguem, além de desconhecer as leis
e reprovados aos magotes nas importantíssimas provas da OAB.
Coisa semelhante aconteceria com faculdades de engenharia mal preparadas, se existirem, de onde precisam sair profissionais que garantam segurança em obras diversas, de edifícios, casas, estradas, pontes.
Vejam que aqui comentei apenas alguns dos inúmeros cursos existentes, muitos com excelente nível, mas não se ignorem os que não têm condições de funcionar, e mesmo assim… existem. Em todas essas fases, segundo cada nível, incluam-se professores bem preparados, muito dedicados, e decentemente pagos – professor não é sacerdote nem faquir.
O que aqui escrevo é mero, simples, bom-senso. Todos têm direito de receber a educação que os coloque no mundo sabendo ler, escrever, pensar, calcular, tendo ideia do que são e onde se encontram, e podendo aspirar a crescer mais.
Isso é dever de todos os governos. E é nosso dever esperar isso deles.*
A noção que pode ser extraída do exemplo dado é que a forma como se estrutura o discurso resulta em um início, depois parte para um desenvolvimento das ideias, chegando, enfim, a uma conclusão. Constatamos, dessa forma, um dos inúmeros exemplos de texto em prosa, ou seja, um texto que se estrutura em parágrafos.
Lembrando, contudo, que na linguagem literária, ou seja, aquela em que prevalece o sentido conotativo, podemos encontrar a forma prosaica, mas nem por isso ela deixa de assumir o caráter poético, como é o que ocorre num conto, num romance, numa novela literária, enfim.
Texto disponível em Veja – Como deve ser uma boa escola

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Soneto – A maldição do amor - Edmilton Torres


A pálida luz que o luar derrama
Luzindo a noite com raios de prata
Recria um cenário que retrata
Aquele do início do meu drama

Ao sentir no meu peito arder a chama
Da paixão que de novo me arrebata
Renego esse amor que me maltrata
Por saber que é a outro que ela ama

Difícil é convencer um coração
Que esse amor que ele sente é proibido
Que o fogo que alimenta esta paixão

Deverá ser pra sempre reprimido
Pois amar pode ser uma maldição

Se esse amor nunca for correspondido

Edmilton Torres

terça-feira, 29 de outubro de 2013

CONCURSO NACIONAL NOVOS POETAS. PRÊMIO POETIZE 2014 - Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria, com texto em língua portuguesa.

Estarão abertas as inscrições para o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Poetize 2014. Podem participar do concurso, todos os brasileiros natos, ou naturalizados, maiores de 16 anos. Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria, com texto em língua portuguesa.
O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido. Serão 250 poemas classificados. A classificação das poesias resultará no livro, Prêmio Poetize 2014. Antologia Poética. Concurso Literário e uma importante iniciativa de produção e distribuição cultural, alcançando o grande público, escolas e faculdades.
Inscrições gratuitas de 01 de novembro a 05 de dezembro de 2013, pelo site: www.premiopoetize.com.br
Realização: Vivara Editora Nacional
Apoio Cultural: Revista Universidade

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O QUE É BOM PASSOU - Francisco Aquino


05/06/2011

O que passou, passou e não volta mais.
Só ficaram as lembranças
E a saudade que nos envolve
Enchendo de emoção o coração sofrido
Mas cheio de orgulho
De ter convivido com seres magníficos
E por demais importantes nas nossas vidas.
Que chora de saudade
Transbordando de alegria
Quando o pensar nos envolve
De lembranças vividas.


domingo, 27 de outubro de 2013

O PRAZER DO REENCONTRO - Walter Jorge de Freitas

                                                                                                                                                                   
                Pesqueira, na primeira metade do século XX, contou dois educandários com professores de elevado nível e ainda com a vantagem de manter o sistema de internato, fatores que ensejaram a moças e rapazes de outras cidades, a oportunidade de estudar em ginásios e colégios bons. Sem falar no lendário Grupo Escolar Ruy Barbosa, onde o curso primário era de excelente qualidade e no Seminário São José.
            A nossa cidade foi, pelas razões acima citadas, uma referência positiva no campo educacional.            
            Entre os anos 50 e 60, o Cristo Rei e o Colégio Santa Doroteia passaram por mudanças. Foram extintos os internatos. Em seguida, ambos foram transformados em escolas mistas.
            No início da década de 60, o prefeito Luiz Neves sentindo as necessidades do município, fundou o Colégio Comercial Municipal de Pesqueira, criando, a partir desse importantíssimo feito, novas perspectivas para os jovens do município e da região.
Numa época que em os cursos técnicos estavam bastante valorizados, foi grande a procura pelo curso de Técnico em Contabilidade.
            Na década de 70, o Cristo Rei é estadualizado, depois das dificuldades enfrentadas pela falta de alunos, cujas famílias tivessem condição econômica que lhes permitisse pagar escola particular para os filhos.  
            Agora, no limiar do século XXI, quando da realização do 24º reencontro, a cidade tem o privilégio de receber de volta, muitos daqueles que aqui fizeram o seu curso primário, o ginasial, o normal, o pedagógico, o de Técnico em Contabilidade, ou simplesmente deram os seus primeiros passos à procura do saber.
            Alguns, já bem rodados, cabelo grisalhos, andar trôpego, fisionomia carimbada pelo passar dos anos, mas que na hora do prazeroso momento de rever os antigos colegas de sala de aula, sentem-se novamente crianças, adolescentes, jovens e, acima de tudo, felizes por terem nascido ou estudado em Pesqueira.
            É um instante mágico! Nota-se a alegria no andar apressado para o abraço, no olhar firme para tentar reconhecer aquele ou aquela que não vê há décadas, nas palavras espontâneas e enriquecidas pelas experiências vividas, enfim, é o prazer de estar de volta e fazendo parte dessa história que muitos, infelizmente, não puderam continuar vivenciando. É, pois, a hora do abraço firme e do agradecimento a Deus.
            Só quem participa desses reencontros, pode testemunhar a felicidade que é proporcionada tanto a quem vem de outras cidades como àqueles que permaneceram aqui na terrinha, à espera dessa oportunidade ímpar de renovar o espírito através de um simples gesto de amizade e acolhimento.
            Somos ex-alunos e não importa de que educandário ou época. O importante é que estamos mais uma vez nos encontrando, celebrando a vida e abraçando a todos que se fizerem presentes em mais esse reencontro de gerações. A recompensa é o sorriso largo pela alegria de rever a cidade que serviu de berço ou ofereceu o aconchego de uma mãe a centenas de jovens que se tornaram seus filhos adotivos, por terem deixado o seu torrão natal e passado parte da juventude frequentando as suas bancas escolares.        

            FELIZ REENCONTRO PARA TODOS! VIVA A AMIZADE! VIVA PESQUEIRA!

                                   Pesqueira, outubro de 2013.

                    

                  

PESQUEIRA - Walter Jorge de Freitas

                      

                                                                                                                                                                               NASCESTE ÀS MARGENS  DE UM POÇO
                               DA CORAGEM DE UM MOÇO
                               DESBRAVADOR E VALENTE
                               QUE TE DEU NOME E FAMA
                               A TUA HISTÓRIA NÃO MENTE
                               QUEM TE CONHECE TE AMA
                               TEU ACONCHEGO IRMANA
                               E ACOLHE DOCEMENTE

                               AS TUAS SERRAS TÃO LINDAS
                               ESSAS LADEIRAS INFINDAS
                               PARECEM AO CÉU NOS LEVAR
                               SE ÉS AGRESTE OU SERTÃO
                               NÃO IMPORTA AO CORAÇÃO
                               TUDO O QUE EU SEI É TE AMAR

                               TUAS SERESTAS DE OUTRORA
                               COM VIOLÕES NOITE AFORA
                               EMBALANDO CORAÇÕES
                               VOU VIVENDO E RECORDANDO
                               NA SOLIDÃO SOLFEJANDO
                               AQUELAS VELHAS CANÇÕES

                               RELEMBRO COM EMOÇÃO
                               NO CLUBE DOS RADICAIS
                               GRANDES FESTAS DE SÃO JOÃO
                               COISAS QUE NÃO VOLTAM MAIS

                               DAS PRECES FEITAS À LUA
                               NAS NOITES DE BOEMIA
                               DAQUELAS FESTAS DE RUA
                               SÓ RESTOU A NOSTALGIA

                               DOS BAILES E MATINÊS
                               E ENCONTROS SOCIAIS
                               E DOS DOMINGOS NA PRAÇA
                               NÃO ESQUECEREI JAMAIS

                               RECORDO BELAS CANÇÕES
                               DE ALGUÉM PARA VOCÊ
                               ERAM AMORES SECRETOS
                               AO SOM DO  S. A. P.

                               FALAR DO  S. A. P.
                               É RETORNAR AO PASSADO
                               É LEMBRAR VELHAS PAIXÕES

                               É SONHAR, MESMO ACORDADO

Prêmios Literários da Biblioteca Nacional – Inscrições abertas

Até o dia 5 de novembro, escritores, tradutores e designers gráficos podem concorrer com obras de acordo com a sua categoria, divididas em nove opções: Poesia, Romance, Conto, Ensaio Literário, Ensaio Social, Tradução, Projeto Gráfico e Literatura Infantil e Literatura Juvenil.
Para concorrer, o livro deve ser inédito (1ª edição), publicado em português e no Brasil entre 1º de setembro de 2012 e 31 de agosto de 2013. É obrigatório estar em dia com a Lei do Depósito Legal (Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004) e possuir número de ISBN (International Standard Book Number). A inscrição é gratuita.
Para realizar as inscrições, os interessados devem preencher o formulário de inscrição que está disponível no portal da BN; encaminhar 4 (quatro) cópias da obra para avaliação da Comissão Julgadora, acompanhados do formulário de inscrição para o endereço: Prêmio Literário 2013 – Fundação Biblioteca Nacional – Rua da Imprensa, 16 – 15º andar – Centro. CEP: 20030-120 – Rio de Janeiro – RJ. 
Serão aceitas inscrições postadas até o dia 4 de novembro de 2013,  valendo como comprovante de envio a data de postagem que consta no carimbo da agência expedidora.
O prêmio, realizado desde 1997 pela Fundação Biblioteca Nacional, é uma forma de reconhecer e apoiar não apenas os melhores livros brasileiros, mas sim aqueles que motivam e engrandecem a literatura nacional. Além das placas comemorativas, cada categoria premia a obra vencedora em RS 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais).
Em caso de dúvidas, as mesmas deverão ser encaminhadas ao endereço de e-mail: premioliterario2013@bn.br, ou através do telefone (21) 3257-0756.
Descrição das Categorias:
  • Romance: Narrativa ficcional longa.
  • Conto: Narrativa ficcional curta.
  • Poesia: Expressão textual lírica que utiliza efeitos linguísticos sonoros, rítmicos e harmônicos, escritos em prosa ou verso. Atividade criativa da linguagem, com base em recursos sintáticos, vocabulares e gramaticais. 
  • Ensaio literário: Textos que apresentam ideias e reflexões a respeito de teoria, interpretação e crítica literária. 
  • Ensaio social: Textos que apresentam ideias e reflexões a respeito de um tema, como História, Filosofia, Ciências Sociais, Política, Sociologia e Antropologia. 
  • Tradução: Obras literárias (romance, conto, poesia, crônicas) traduzidas de outros idiomas para o português do Brasil.
  • Projeto gráfico: Conjunto da criação e disposição de elementos gráficos e textuais no livro – capa, tipologia, arte, fotos, imagens, cores, formas, texto, diagramação, papel e impressão.
  • Literatura Infantil: Obras de conteúdo ficcional, podendo ou não conter elementos de não-ficção, que abordam temas e assuntos destinados ao público infantil.
  • Literatura Juvenil: Obras de conteúdo ficcional, podendo ou não conter elementos de não-ficção, que abordam temas e assuntos destinados ao público juvenil.

sábado, 26 de outubro de 2013

Água viva - Célio Guimarães

Água parada
Com lama, inseto e lodo.
Não me agrada.

O que acho não tem importância.
Para a natureza é vida...
Em abundância.



O SAL DA TERRA A LUZ DO SOL - GUIMARÃES

Água de seca
São lágrimas caídas dos olhos
Que vindas de esperanças
Findas
Se evaporam
Sem alcançarem solos.

Água de seca
É saliva expelida
Que se transforma
Em barro
Ao levar a poeira dos pêlos
Da goela ferida.

Água de seca
É chuva da nuvem de retórica
Que desbota os ânimos das vidas,
Fazendo dos tantos
Sal em suor.


NATUREZA - Francisco Aquino

Natureza símbolo da vida
destruída clamando por amor.
A vida está ligada a ela
e com a destruíção desta
poderá desaparecer
pois a convivência não está equilibrada.
Nesta vida foi nos dado tudo
mas fez do tudo o nada
por que os interesses falam alto.
E no mundo em que tudo vira mercadoria
a natureza base da sustentação da vida
paga o preço da destruíção
cavando a extinção 
comprometendo nossa digna sobrevivência.
A disparidade é foraz
e a disputa é danosa aos nossos olhos
que nos cega diante de caos
que a destruíção da natureza provocada geme
e dar respostas clamando por preservação
e equilibro para poder existir o mundo
e a vida no planeta.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FIM DE TARDE - Auzeh Freitas

Não cabe na bagagem, os sonhos.
Não cabe no coração, os anseios.
Não cabe na alma , a incerteza.
O outro está do outro lado da ponte
e sua inveja puxa as amarras do barco.
Rouba minhas palavras dedicadas a
Cora Coralina, naquela manhã linda.
Nem cais, nem crepúsculo, nem saxofone.
Ave maria. Que eu perceba esta tarde...finda

Poeta Pesqueirense

DE ENCONTRO AS VIDRAÇAS - AuzehFreitas

De encontro as vidraças abertas para o céu
há pingos de chuva,
restos de orvalho
e raios de sol.

De encontro as vidraças do meu olhar
ficou gravado na retina 
a imagem do teu corpo lindo,
indo embora por aquela porta.

De encontro as vidraças do meu coração
uma casa e um alpendre
e um pai amoroso que 
amava a gente.

De encontro as vidraças da minha sala
me vigia a madrugada
e minha alma escreve,
sem pena, mais um poema.

Recife, 23/10/13

PERAMBULANDO - AuzehFreitas


Perambulando
por meus caminhos,
molho os olhos da minha alma. 
Vales, árvores, pedras e lajedos.

Tudo é lindo, é vida, é poesia.
Mais lindo é saber que tudo foi meu, um dia. 

A casa, o alpendre e os que nela habitaram.
Nos corredores o som dos passos,
nas portas a espera dos abraços.

AuzehFreitas
Poeta Pesqueirense
Membro da SOPOESPES

Sopoespes - Edmilton Torres

Somos poetas e escritores,
Obreiros e estetas das palavras,
Protagonistas da história da arte e da cultura,
Oráculos dos sentimentos humanos.
Escritores e poetas são arautos das emoções,
Sensíveis ao real e ao abstrato,
Para informar, entreter e enternecer,
Exteriorizando os seus sentimentos
Sobre a vida, com as suas dores e alegrias.


Edmilton Torres

SOPOESPES (23out13 – aniversário, 2º ano) Célio Guimarães

Só pó és, Pés (queira),
Ao caminhares teus caminhos
De Ororubá – sol de iluminar;
Criando e vivenciando
Poesias, prosas, poemas...
Revelando harmonias que alimentam almas

De arte, doçura e leve graça.

O ENCANTO DA SEREIA - Valter “O leal”


No ventre da terra eu encontro aconchego
E a vida tem cheiro de ar puro do campo
A mãe natureza não enxuga meu pranto
Porque eu não choro no canto que chego
Nos vales da sorte procuro um sossego
E no ciclo da vida, estou eu a girar
Pois sou filho da vida, da água e do ar
Sou filho do vento, da terra e da lua
Eu sou natureza, sou pó, mente nua
Que canta galope na beira do mar.

Vestir mente nua, só com natureza
Mirando no verde do olhar e da mata
Saudade trás dor e às vezes maltrata
E a face molhada esquece a beleza
A água do vale corre com destreza
Procurando o rio, para desaguar
O rio caudaloso se põe a cantar
Passando nas pedras e bancos de areia
Levando consigo cantos de sereia
Que cantam galope na beira do mar.

Sereias são seres de canto afinado
Levando hipnose ao pobre pescador
Que inebriado e morrendo de amor
Se perde nas ondas do mar azulado
E chegando ao trono de um reino encantado
Esquece da vida, da lida e do lar
Passando a viver sem se comunicar
Com velhos parentes, amantes e amigos
Amando as sereias se torna esquecido
Do canto e galope da beira do mar.

Quem fica esperando do lado de fora
Não entende a demora e o atraso do amor
Pois sofre demais mulher de pescador
E não há relógio que lhe dê a hora
Se vale das preces pra Nossa Senhora
Fingindo costume, é precisa esperar
A reza é mais forte, não desesperar
É necessidade que ao mal espanta
As rezas são fortes e quem reza canta
Cantos de galope na beira do mar.

No reino encantado, nobres pescadores
Se encantam com cantos e danças também
Não praticam a pesca, o que fazem bem
E trocam o passado por outros amores
Agora distante têm outros senhores
Sumiram-lhe as dores, mas não podem sonhar
Já se acostumaram com tudo que há
Começam lembrar-se de suas senhoras
O encanto passou e não sabem agora
Como ir a galope pra beira do mar.

As flores jogadas, levadas ao vento
Em seu movimento têm cheiro gostoso
E num espetáculo tão maravilhoso
Formando um jardim pelo mar adentro
Como adivinhando qual é o intento
Desse pescador que quer retornar
Pra viúva nova sempre a esperar
2 de fevereiro é dia sagrado
E ao longe um barquinho será esperado
Trazendo galopes pra beira do mar.

Quando o barco chega trazendo consigo
Um fã incontido de Iemanjá
Tão inconsciente quanto ele está
É o seu sonhar e o sono inimigo
Salvação é o beijo do amor antigo
Que trará a vida pra lhe libertar
Do encanto sereio quando ele acordar
Somente enxergando a mulher amada
Não terá mais sonhos alta madrugada
Só cantará versos na beira do mar.

Todos ao redor pensam que é miragem
A volta e triunfo desse pescador
E haverá a fama onde ele for
Abrirão espaço pra sua passagem
Em seu pensamento, sem pensar bobagem
Traçará um plano pra poder contar
Uma história forte pra impressionar
Aos que perguntarem por sua jornada
E o triunfo está na sua chegada
Cantando galope na beira do mar.

Feliz e paciente a mulher amada
Distribui sorrisos de felicidade
Parentes e amigos da feliz cidade
Também fazem festa até madrugada
Pois voltou o herói e a história é sagrada
Todos fazem festa pra comemorar
Ao longe as sereias a observar
Proclamam em seu reino hipnose e dor
Perderam a magia desse pescador
Que canta galopa na beira do mar.

Cantando e encantando as sereias seguem
Enquanto perseguem outros pescadores
Prometendo encanto para seus amores
Com canto afinado a muitos conseguem
Sereias são flores e que o mar lhes reguem
E floresçam poucas pelo seu salgar
Porque seu encanto pode aviuvar
Mulheres sofridas com filhos pequenos
Deixando ao relento seus corpos morenos
Que sofrem os galopes da beira do mar.



Valter “O leal” 18.07.2013


LOUVAÇÃO A PESQUEIRA - Walter Jorge de Freitas

       
                                                                    
                                                                                            
                            TODOS CANTAM A SUA TERRA
                            TAMBÉM VOU CANTAR A MINHA        
                            ERGUIDA AO SOPÉ DA SERRA
                            COM AS BÊNÇÃOS DA MÃE RAINHA

                           TEM UM BELO AMANHECER
                           PRESENTE DA NATUREZA
                           À NOITE, DÁ GOSTO  VER
                           SUA INVULGAR BELEZA

                           É DOCE AO RECEBER
                           AMÁVEL NO ABRAÇAR
                           POETA QUERIA SER
                           PARA EM VERSOS LHE EXALTAR

                           COM O SEU SEMBLANTE MATERNO
                           E UM CLIMA ACOLHEDOR
                           SEJA VERÃO OU INVERNO
                           ESPALHA UM MANTO DE AMOR

                           TEM UM BONITO CRUZEIRO
                           E DO LADO, UMA CAPELA
                           FEITA PARA O ROMEIRO
                           REZAR E ACENDER VELA

                           POSSUI RUAS LADEIROSAS
                           E PRAÇAS ACONCHEGANTES
                           ONDE A LUA CAPRICHOSA
                           INSPIRA POETAS CANTANTES

                           SUAS IGREJAS ANTIGAS
                           CONGREGAM OS FILHOS SEUS
                           PARA ENTOAREM CANTIGAS
                           E MIL LOUVORES A DEUS

                           FIZ DO VIOLÃO, UM  TERÇO
                           DOS VERSOS UMA  ORAÇÃO
                       PRA DIZER DO MEU APREÇO
                           DO FUNDO DO CORAÇÃO

                           VOCÊ NÃO É A MAIOR
                           NEM SEGUNDA, NEM PRIMEIRA
                           É SIMPLESMENTE A MELHOR

                           É MINHA TERRA, É PESQUEIRA.