quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O ENCANTO DA SEREIA - Valter “O leal”


No ventre da terra eu encontro aconchego
E a vida tem cheiro de ar puro do campo
A mãe natureza não enxuga meu pranto
Porque eu não choro no canto que chego
Nos vales da sorte procuro um sossego
E no ciclo da vida, estou eu a girar
Pois sou filho da vida, da água e do ar
Sou filho do vento, da terra e da lua
Eu sou natureza, sou pó, mente nua
Que canta galope na beira do mar.

Vestir mente nua, só com natureza
Mirando no verde do olhar e da mata
Saudade trás dor e às vezes maltrata
E a face molhada esquece a beleza
A água do vale corre com destreza
Procurando o rio, para desaguar
O rio caudaloso se põe a cantar
Passando nas pedras e bancos de areia
Levando consigo cantos de sereia
Que cantam galope na beira do mar.

Sereias são seres de canto afinado
Levando hipnose ao pobre pescador
Que inebriado e morrendo de amor
Se perde nas ondas do mar azulado
E chegando ao trono de um reino encantado
Esquece da vida, da lida e do lar
Passando a viver sem se comunicar
Com velhos parentes, amantes e amigos
Amando as sereias se torna esquecido
Do canto e galope da beira do mar.

Quem fica esperando do lado de fora
Não entende a demora e o atraso do amor
Pois sofre demais mulher de pescador
E não há relógio que lhe dê a hora
Se vale das preces pra Nossa Senhora
Fingindo costume, é precisa esperar
A reza é mais forte, não desesperar
É necessidade que ao mal espanta
As rezas são fortes e quem reza canta
Cantos de galope na beira do mar.

No reino encantado, nobres pescadores
Se encantam com cantos e danças também
Não praticam a pesca, o que fazem bem
E trocam o passado por outros amores
Agora distante têm outros senhores
Sumiram-lhe as dores, mas não podem sonhar
Já se acostumaram com tudo que há
Começam lembrar-se de suas senhoras
O encanto passou e não sabem agora
Como ir a galope pra beira do mar.

As flores jogadas, levadas ao vento
Em seu movimento têm cheiro gostoso
E num espetáculo tão maravilhoso
Formando um jardim pelo mar adentro
Como adivinhando qual é o intento
Desse pescador que quer retornar
Pra viúva nova sempre a esperar
2 de fevereiro é dia sagrado
E ao longe um barquinho será esperado
Trazendo galopes pra beira do mar.

Quando o barco chega trazendo consigo
Um fã incontido de Iemanjá
Tão inconsciente quanto ele está
É o seu sonhar e o sono inimigo
Salvação é o beijo do amor antigo
Que trará a vida pra lhe libertar
Do encanto sereio quando ele acordar
Somente enxergando a mulher amada
Não terá mais sonhos alta madrugada
Só cantará versos na beira do mar.

Todos ao redor pensam que é miragem
A volta e triunfo desse pescador
E haverá a fama onde ele for
Abrirão espaço pra sua passagem
Em seu pensamento, sem pensar bobagem
Traçará um plano pra poder contar
Uma história forte pra impressionar
Aos que perguntarem por sua jornada
E o triunfo está na sua chegada
Cantando galope na beira do mar.

Feliz e paciente a mulher amada
Distribui sorrisos de felicidade
Parentes e amigos da feliz cidade
Também fazem festa até madrugada
Pois voltou o herói e a história é sagrada
Todos fazem festa pra comemorar
Ao longe as sereias a observar
Proclamam em seu reino hipnose e dor
Perderam a magia desse pescador
Que canta galopa na beira do mar.

Cantando e encantando as sereias seguem
Enquanto perseguem outros pescadores
Prometendo encanto para seus amores
Com canto afinado a muitos conseguem
Sereias são flores e que o mar lhes reguem
E floresçam poucas pelo seu salgar
Porque seu encanto pode aviuvar
Mulheres sofridas com filhos pequenos
Deixando ao relento seus corpos morenos
Que sofrem os galopes da beira do mar.



Valter “O leal” 18.07.2013


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