sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

LAMENTAMOS A MORTE DE UM RIO, POIS ASSIM SEM TER ÁGUA MORREREMOS. (mote: Chico Aquino/Valter “O Leal”)


Os humanos não sabem quanta vida
Ainda têm pra viver por sobre a terra
Por dinheiro essa gente só se enterra
E por ele degrada sem medida
Quanto mais se aproxima a despedida
Desse líquido vital que ainda temos
Muito menos sua falta percebemos
Cada dia é mais feio e mais sombrio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos

Sete anos de seca se passaram
Nós ficamos qual vítimas de guerra
Veio o fogo queimando o pé de serra
E as nascentes da terra já secaram
Os matutos mais fracos desertaram
E amanhã não sei onde chegaremos
Quase todo possível já fizemos
Mas o veio da terra está vazio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos.

Vejo o gado morrendo a todo instante
Rodeando o barreiro que secou
O vaqueiro também já se mudou
Por não ter nem um pingo na vazante
Seu aboio é lamento emocionante
Pra marcar tudo aquilo que vivemos
Quando a rês está sem força é que entendemos
Quanto o mundo sem água é arredio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos.

Todo ser sertanejo que é alado
Não guentando também foge de casa
Leva a dor e a saudade em cada asa
Pra não ser pela fome arrebatado.
No lugar e no tempo atribulado
Nós ficamos porém não entendemos
Que num longo verão não ouviremos
Um gorjeio, um trinado e nem um pio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos.

As nascentes secaram por completo
Toda lama do açude esturricou
Sob a lama, uma ova não restou
Mas de espinha este chão está repleto
Urubu tem seu prato predileto
Com o banquete daquilo que perdemos
Toda sorte de peixes que tivemos
Hoje engorda seu corpo feio e esguio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos.

Apartada da mão do agricultor
Uma enxada não tem mais serventia
A cisterna da casa está vazia
E uma lata sem água causa horror
Na cozinha há um ar desolador
Sobre o pote que ainda não enchemos
Nós rezamos porém não compreendemos
De que forma vencer o desafio
Lamentamos a morte de um rio
Pois assim sem ter água morreremos.
Valter “O Leal” 11.11.2016

domingo, 12 de fevereiro de 2017

AVISO

Prezados (as) amigos (as), poetas e escritores (as),

As reuniões regulares da Sopoespes ocorrerão sempre na Academia Pesqueirense de Letras e Artes (Apla), no Shopping Rosa, às 9h, aos domingos, a partir de hoje, até conserguirmos uma sede fixa. A Sopoespes agradece a gentileza da Apla quanto à disponibilidade do local.

Está confirmada a reunião da Sopoespes dia 19 de fevereiro, às 9h, na APLA. Sejam todos bem vindos!