sábado, 10 de maio de 2014

PARA INGLÊS VER - Walter Jorge de Freitas


                Considerando que um pouquinho de História não faz mal a ninguém, recorremos a ela para justificar a origem do título acima.
O Imperador D. Pedro I, nove anos após proclamar a independência do Brasil, por absoluta falta de jogo de cintura, renunciou ao trono. Como o seu filho, herdeiro natural da Coroa era menor de idade, deram um jeitinho e foi adotado o sistema de regências.
No Brasil ainda existia a escravidão negra, havendo por isto, muita pressão do governo inglês e até retaliações de caráter comercial.
Para agradar aos ingleses, os governos provisórios resolveram editar uma série de leis visando combater o tráfico de escravos.
Tais leis, talvez pela falta de credibilidade dos governantes, não tiveram nenhuma eficácia e foram motivos para brincadeiras e piadas. Assim nasceu a expressão: “PARA INGLÊS VER”.
            Lamentavelmente, as nossas autoridades ainda não se tocaram e continuam criando leis cuja aplicabilidade depende da fiscalização do cidadão ou de outros mecanismos frágeis e por isso, nunca saem do papel.
            É o caso da propalada Lei do Silêncio, que vem ocupando as páginas dos jornais desde 2009, mas com pouco ou nenhum resultado prático.
            Ao que parece, cabe ao Ministério Público fiscalizar. A tarefa de fazer valer o que está escrito é dos municípios.
Mas existe um “porém”: a denúncia deve partir da própria pessoa que se sentir prejudicada, o que normalmente não ocorre, porque ninguém vai querer arranjar encrencas sem mais nem menos, principalmente, quando isto deveria ser feito pelas autoridades competentes. 
            Outro detalhe: achamos pouco provável que os governos municipais tenham condições para coibir tais abusos, principalmente no tocante aos carros de propaganda, já que são eles os maiores usuários desse serviço.
            O resultado está aí: carros de som circulando livremente, sem respeitar horário, volume e, principalmente, os locais onde deveria haver proibição como, por exemplo, nas proximidades das escolas.
            Nada temos contra os profissionais que exercem o seu sagrado direito de trabalhar, mas como toda e qualquer atividade, esta também precisa ser disciplinada por quem de direito, para o bem de todos.
            Ainda bem que os barulhentos constituem uma pequena minoria.


                                               Pesqueira, 13 de abril de 2011.    
           



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