quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Um causo de amô: Zé Ferreira e Mariinha - Wagner Leal Guimarães


Premita me apresentá!
Eu sou o Zé e vou contá
Um causo que assucedeu
Adispois que me casei
Im ser filiz eu pensei
Mai isso não acunteceu



Me adiscurpe seu dotô
Peço licença ao sinhô
Pra mode eu expricá
Teno a vossa premissão
Num sei se tenho razão
Na histora que vou falá.



Vóimecê que é letrado
Das leis sabe um bocado
Intonce pode dizê
Mode  o meu acuntecido
De tanto eu tê sufrido
Num sei mai o que fazê.



Seu dotô um certo dia
Conheci uma senhoria
Por ela me apaxonei
De amô fiquei perdido
Aos seus pais  fiz o pedido
E entonce me casei.



O nome da senhoria!
Era a formosa Maria
Moça fogosa e facêra
E pru tela conquistado
Maginei ser invejado
Pelo ricaço Pereira.
01


Esse fie de fazendeiro
Conhecia o mundo intêro
E num é que si ingraçô
Da beleza de maria
Quando o pai dela fazia
Trabaio pro seu avô.




Esse cabra foi morá
Prós lado da capitá
Estudá cuma o sinhô
Vortô chei de talento
Adispois de munto tempo
Cuns  dipromas que comprô.




Morava em boa vista
Parecia um atista
E dos internacioná!
Cuma ele tinha diêro
Si amostrava, era matrero
E ao povo tratava má.




Esse fulano de tá
Afamado de ser má
Inganava ar mocinha
E né mermo seu dotô
Que o caba se aproximô
De minha noiva mariinha!




Adispois da ocasião
De eu tê pedido a mão
Da mais linda formosura
Alevantei  um cantinho
Dos seus pais,  ficou pertinho
Agradano  minha doçura.
02


Tivemo a filicidade
De se casá  na cidade
Num dia de São João
Cuma vivemo na roça
Lá fizemo uma paioça
Mode  a comemoração.




Adispois de abençuado
E o retrato tirado
Com a image de Jesus
Eu e Maria contente
Agredecido aos  presente
Fizemo o siná da cruz




Num sei se o sinhô sabe!
Déferente da cidade
Nóis fazemo no sertão
Quano  tem um  casamento
Uma festança ao relento
Pra mantê  a tradição.




Mai foi justo nesse dia
Que eu e minha maria
Conhecemo o ricaço
Que entre aquele povo
Chegava num carro novo
E em nóis deu um abraço.




Eu e Maria contente
Recebemo  toda gente
Sem tê disconfiança
E num  é que o camarada
Já buliu com minha amada
Nem respeitou  a aliança.
03


Mariinha não entendeu
E confesso que nem eu
O  que tava assucedeno
E no meio da fulia
O riquinho si  inxiria
Só nóis dois não tava veno.




Eu lhe digo meu patrão
Que os caba do sertão
É um povo sem mardade
Por isso não pecebemo
A intenção do moreno
De tê vino da cidade




Um casamento na roça
Com festança e paioça
É bonito pru dimais
Inda mais num mês junino
Onde o povo Nordestino
Com São João celebra a paiz.




Lá pra arta madrugada
A matutada animada
Assava  mie  na fuguêra
Uns sortava fuguetão
Dava  viva a São João
Ou  dançava  na poêra




Chegada  a hora do bolo
Chamaram dona consolo
Pra fazer a partição
E num é que um pedaço
Maria deu ao ricaço
Só pru pura educação.
04


O bóizinho  da cidade
Não entendeno a bondade
Que a Mariinha feiz
Cheio de má intenção
Maculô no coração
O  pecado de uma veiz.




Quando o dia amanhecia
Nóis com munta alegria
Fumo  pro nosso ranchinho
Cheio de simpricidade
Nem  lembrava a mardade
Rudiando  nosso ninho.




Lhe digo sem  disigano
E revelo que meu prano
Pra eu e pra maria
Era viver bem tranquilo
E criá os nossos filhos
Com amô e alegria.




Eu confesso seu dotô
Nossa promessa de amô
Era feita todo dia
Cuma  casá de pintinho
Nóis vivia bem juntinho
Não tinha disarmunia.




E eu nunca maginava
Que o fulano adesejava
Realizar o planejado
De arretirar de mim maria
E intonce certo dia
Eu fiquei disinganado
05


Ela tinha indo a cidade
Caminhando a vontade
Quando o  caba apareceu
Com a cara de cafona
Ela aceitou  a carona
Entrano no carro seu.




Tava  tudo arquitetado
E cuma era amostrado
Foi falano pra  Maria
Quando ele   viajava
De tudo que comprava
Nos lugá que conhecia.




No trajeto da viage
Usano da malandrage
Cativava a  inocente
Lhe digo mai, seu dotô
Até lhe deu uma frô
Aquele bicho indecente.




Maria indiferente
Aceitano o presente
Sem sabê da intenção
E o caba cheio de asa
Saiu surrino pra casa
Bem convencido, patrão




Ela  intonce  na cidade
Conheceno ar novidade
De que falava o fulano
Eu na roça trabaiava
E nem siqué maginava
O que tava se passano.
06


Com o decorrê do tempo
E pru diverso momento
Minha frô se recramava
E sem eu sabê pruquê
E nem mermo o que fazê
Baixava a cabeça e rezava.





Sempre que ia a cidade
Vortava com nuvidade
Veiz im quano diferente
Fui  entonce  matutano
E as veiz  predi o  sono
Só vivia descontente.




Aquela dúvida dotô
Eu confesso pro sinhô
Que dentro de mim ardia
Pro mode não suportava
Inté as veiz eu sonhava
Perdeno minha maria




Antonce  bebia cachaça
Sendo esta  a disgraça
Que acabou meu casamento
Prumode  batia  nela
Mar do que tranco im  janela
A vida virou tormento.



Mariinha sem entendê
Não sabia o que fazê
Passava  o dia a chorá
De veiz e quano  saia
E quano aparecia
Nóis começava a brigá
07


Meu amô virou doença
E vê ela na presença
Di um estranho qualqué
Me comsumia por dento
Era tanto sufrimento
Em Jesus perdi a fé.




E num é que certo dia
Eu avistei Mariinha
Cunversano com o ricaço...
im Mariinha e Perreira
Infiei  minha  peixera
Acabano aquele abraço.




Eu matei minha Maria
Pur amô que eu sintia
E com ela, o mardito
Hoje tô arrependido
Pru matá sem tê sabido
O que os dois ali fazia.




E dispois do acunticido
Eu fiquei disiludido
Pur sabê que minha frô
Só levava os recado
Das coisa lá do roçado
A mando do seu avô.




Mariinha me amava
E nem sequer pensava
Em traí o seu marido,
Eu matei dois inocente
Que conversava contente
Pru isso tenho sufrido
08


Cuma eu num seio lê
Se o sinhô fô iscrevê
Essa históra de amargura
Diga  aí que Zé ferreira
Matô Maria e Pereira
Só pru pura disventura.
09






























Premita me apresentá!
Eu sou o Zé e vou contá
Um causo que assucedeu
Adispois que me casei
Im ser filiz eu pensei
Mai isso não acunteceu



Me adiscurpe seu dotô
Peço licença ao sinhô
Pra mode eu expricá
Teno a vossa premissão
Num sei se tenho razão
Na histora que vou falá.



Vóimecê que é letrado
Das leis sabe um bocado
Intonce pode dizê
Mode  o meu acuntecido
De tanto eu tê sufrido
Num sei mai o que fazê.



Seu dotô um certo dia
Conheci uma senhoria
Por ela me apaxonei
De amô fiquei perdido
Aos seus pais  fiz o pedido
E entonce me casei.



O nome da senhoria!
Era a formosa Maria
Moça fogosa e facêra
E pru tela conquistado
Maginei ser invejado
Pelo ricaço Pereira.
01


Esse fie de fazendeiro
Conhecia o mundo intêro
E num é que si ingraçô
Da beleza de maria
Quando o pai dela fazia
Trabaio pro seu avô.




Esse cabra foi morá
Prós lado da capitá
Estudá cuma o sinhô
Vortô chei de talento
Adispois de munto tempo
Cuns  dipromas que comprô.




Morava em boa vista
Parecia um atista
E dos internacioná!
Cuma ele tinha diêro
Si amostrava, era matrero
E ao povo tratava má.




Esse fulano de tá
Afamado de ser má
Inganava ar mocinha
E né mermo seu dotô
Que o caba se aproximô
De minha noiva mariinha!




Adispois da ocasião
De eu tê pedido a mão
Da mais linda formosura
Alevantei  um cantinho
Dos seus pais,  ficou pertinho
Agradano  minha doçura.
02


Tivemo a filicidade
De se casá  na cidade
Num dia de São João
Cuma vivemo na roça
Lá fizemo uma paioça
Mode  a comemoração.




Adispois de abençuado
E o retrato tirado
Com a image de Jesus
Eu e Maria contente
Agredecido aos  presente
Fizemo o siná da cruz




Num sei se o sinhô sabe!
Déferente da cidade
Nóis fazemo no sertão
Quano  tem um  casamento
Uma festança ao relento
Pra mantê  a tradição.




Mai foi justo nesse dia
Que eu e minha maria
Conhecemo o ricaço
Que entre aquele povo
Chegava num carro novo
E em nóis deu um abraço.




Eu e Maria contente
Recebemo  toda gente
Sem tê disconfiança
E num  é que o camarada
Já buliu com minha amada
Nem respeitou  a aliança. 
03


Mariinha não entendeu
E confesso que nem eu
O  que tava assucedeno
E no meio da fulia
O riquinho si  inxiria
Só nóis dois não tava veno.




Eu lhe digo meu patrão
Que os caba do sertão
É um povo sem mardade
Por isso não pecebemo
A intenção do moreno
De tê vino da cidade




Um casamento na roça
Com festança e paioça
É bonito pru dimais
Inda mais num mês junino
Onde o povo Nordestino
Com São João celebra a paiz.




Lá pra arta madrugada
A matutada animada
Assava  mie  na fuguêra
Uns sortava fuguetão
Dava  viva a São João
Ou  dançava  na poêra




Chegada  a hora do bolo
Chamaram dona consolo
Pra fazer a partição
E num é que um pedaço
Maria deu ao ricaço
Só pru pura educação.
04


O bóizinho  da cidade
Não entendeno a bondade
Que a Mariinha feiz
Cheio de má intenção
Maculô no coração
O  pecado de uma veiz.




Quando o dia amanhecia
Nóis com munta alegria
Fumo  pro nosso ranchinho
Cheio de simpricidade
Nem  lembrava a mardade
Rudiando  nosso ninho.




Lhe digo sem  disigano
E revelo que meu prano
Pra eu e pra maria
Era viver bem tranquilo
E criá os nossos filhos
Com amô e alegria.




Eu confesso seu dotô
Nossa promessa de amô
Era feita todo dia
Cuma  casá de pintinho
Nóis vivia bem juntinho
Não tinha disarmunia.




E eu nunca maginava
Que o fulano adesejava
Realizar o planejado
De arretirar de mim maria
E intonce certo dia
Eu fiquei disinganado
05


Ela tinha indo a cidade
Caminhando a vontade
Quando o  caba apareceu
Com a cara de cafona
Ela aceitou  a carona
Entrano no carro seu.




Tava  tudo arquitetado
E cuma era amostrado
Foi falano pra  Maria
Quando ele   viajava
De tudo que comprava
Nos lugá que conhecia.




No trajeto da viage
Usano da malandrage
Cativava a  inocente
Lhe digo mai, seu dotô
Até lhe deu uma frô
Aquele bicho indecente.




Maria indiferente
Aceitano o presente
Sem sabê da intenção
E o caba cheio de asa
Saiu surrino pra casa
Bem convencido, patrão




Ela  intonce  na cidade
Conheceno ar novidade
De que falava o fulano
Eu na roça trabaiava
E nem siqué maginava
O que tava se passano.
06


Com o decorrê do tempo
E pru diverso momento
Minha frô se recramava
E sem eu sabê pruquê
E nem mermo o que fazê
Baixava a cabeça e rezava.





Sempre que ia a cidade
Vortava com nuvidade
Veiz im quano diferente
Fui  entonce  matutano
E as veiz  predi o  sono
Só vivia descontente.




Aquela dúvida dotô
Eu confesso pro sinhô
Que dentro de mim ardia
Pro mode não suportava
Inté as veiz eu sonhava
Perdeno minha maria




Antonce  bebia cachaça
Sendo esta  a disgraça
Que acabou meu casamento
Prumode  batia  nela
Mar do que tranco im  janela
A vida virou tormento.



Mariinha sem entendê
Não sabia o que fazê
Passava  o dia a chorá
De veiz e quano  saia
E quano aparecia
Nóis começava a brigá
07


Meu amô virou doença
E vê ela na presença
Di um estranho qualqué
Me comsumia por dento
Era tanto sufrimento
Em Jesus perdi a fé.




E num é que certo dia
Eu avistei Mariinha
Cunversano com o ricaço...
im Mariinha e Perreira
Infiei  minha  peixera
Acabano aquele abraço.




Eu matei minha Maria
Pur amô que eu sintia
E com ela, o mardito
Hoje tô arrependido
Pru matá sem tê sabido
O que os dois ali fazia.




E dispois do acunticido
Eu fiquei disiludido
Pur sabê que minha frô
Só levava os recado
Das coisa lá do roçado
A mando do seu avô.




Mariinha me amava
E nem sequer pensava
Em traí o seu marido,
Eu matei dois inocente
Que conversava contente
Pru isso tenho sufrido
08


Cuma eu num seio lê
Se o sinhô fô iscrevê
Essa históra de amargura
Diga  aí que Zé ferreira
Matô Maria e Pereira
Só pru pura disventura.
09 




































  

Nenhum comentário:

Postar um comentário