Premita me apresentá!
Eu sou o Zé e vou contá
Um causo que assucedeu
Adispois que me casei
Im ser filiz eu pensei
Mai isso não acunteceu
Me adiscurpe seu dotô
Peço licença ao sinhô
Pra mode eu expricá
Teno a vossa premissão
Num sei se tenho razão
Na histora que vou falá.
Vóimecê que é letrado
Das leis sabe um bocado
Intonce pode dizê
Mode o meu
acuntecido
De tanto eu tê sufrido
Num sei mai o que fazê.
Seu dotô um certo dia
Conheci uma senhoria
Por ela me apaxonei
De amô fiquei perdido
Aos seus pais
fiz o pedido
E entonce me casei.
O nome da senhoria!
Era a formosa Maria
Moça fogosa e facêra
E pru tela conquistado
Maginei ser invejado
Pelo ricaço Pereira.
01
Esse fie de fazendeiro
Conhecia o mundo intêro
E num é que si ingraçô
Da beleza de maria
Quando o pai dela fazia
Trabaio pro seu avô.
Esse cabra foi morá
Prós lado da capitá
Estudá cuma o sinhô
Vortô chei de talento
Adispois de munto tempo
Cuns dipromas
que comprô.
Morava em boa vista
Parecia um atista
E dos internacioná!
Cuma ele tinha diêro
Si amostrava, era matrero
E ao povo tratava má.
Esse fulano de tá
Afamado de ser má
Inganava ar mocinha
E né mermo seu dotô
Que o caba se aproximô
De minha noiva mariinha!
Adispois da ocasião
De eu tê pedido a mão
Da mais linda formosura
Alevantei um
cantinho
Dos seus pais,
ficou pertinho
Agradano minha
doçura.
02
Tivemo a filicidade
De se casá na
cidade
Num dia de São João
Cuma vivemo na roça
Lá fizemo uma paioça
Mode a
comemoração.
Adispois de abençuado
E o retrato tirado
Com a image de Jesus
Eu e Maria contente
Agredecido aos
presente
Fizemo o siná da cruz
Num sei se o sinhô sabe!
Déferente da cidade
Nóis fazemo no sertão
Quano tem
um casamento
Uma festança ao relento
Pra mantê a tradição.
Mai foi justo nesse dia
Que eu e minha maria
Conhecemo o ricaço
Que entre aquele povo
Chegava num carro novo
E em nóis deu um abraço.
Eu e Maria contente
Recebemo toda
gente
Sem tê disconfiança
E num é que o
camarada
Já buliu com minha amada
Nem respeitou a
aliança.
03
Mariinha não entendeu
E confesso que nem eu
O que tava
assucedeno
E no meio da fulia
O riquinho si
inxiria
Só nóis dois não tava veno.
Eu lhe digo meu patrão
Que os caba do sertão
É um povo sem mardade
Por isso não pecebemo
A intenção do moreno
De tê vino da cidade
Um casamento na roça
Com festança e paioça
É bonito pru dimais
Inda mais num mês junino
Onde o povo Nordestino
Com São João celebra a paiz.
Lá pra arta madrugada
A matutada animada
Assava mie na fuguêra
Uns sortava fuguetão
Dava viva a São
João
Ou dançava na poêra
Chegada a hora
do bolo
Chamaram dona consolo
Pra fazer a partição
E num é que um pedaço
Maria deu ao ricaço
Só pru pura educação.
04
O bóizinho da
cidade
Não entendeno a bondade
Que a Mariinha feiz
Cheio de má intenção
Maculô no coração
O pecado de uma
veiz.
Quando o dia amanhecia
Nóis com munta alegria
Fumo pro nosso
ranchinho
Cheio de simpricidade
Nem lembrava a
mardade
Rudiando nosso
ninho.
Lhe digo sem disigano
E revelo que meu prano
Pra eu e pra maria
Era viver bem tranquilo
E criá os nossos filhos
Com amô e alegria.
Eu confesso seu dotô
Nossa promessa de amô
Era feita todo dia
Cuma casá de
pintinho
Nóis vivia bem juntinho
Não tinha disarmunia.
E eu nunca maginava
Que o fulano adesejava
Realizar o planejado
De arretirar de mim maria
E intonce certo dia
Eu fiquei disinganado
05
Ela tinha indo a cidade
Caminhando a vontade
Quando o caba
apareceu
Com a cara de cafona
Ela aceitou a
carona
Entrano no carro seu.
Tava tudo
arquitetado
E cuma era amostrado
Foi falano pra
Maria
Quando ele
viajava
De tudo que comprava
Nos lugá que conhecia.
No trajeto da viage
Usano da malandrage
Cativava a
inocente
Lhe digo mai, seu dotô
Até lhe deu uma frô
Aquele bicho indecente.
Maria indiferente
Aceitano o presente
Sem sabê da intenção
E o caba cheio de asa
Saiu surrino pra casa
Bem convencido, patrão
Ela
intonce na cidade
Conheceno ar novidade
De que falava o fulano
Eu na roça trabaiava
E nem siqué maginava
O que tava se passano.
06
Com o decorrê do tempo
E pru diverso momento
Minha frô se recramava
E sem eu sabê pruquê
E nem mermo o que fazê
Baixava a cabeça e rezava.
Sempre que ia a cidade
Vortava com nuvidade
Veiz im quano diferente
Fui entonce
matutano
E as veiz predi
o sono
Só vivia descontente.
Aquela dúvida dotô
Eu confesso pro sinhô
Que dentro de mim ardia
Pro mode não suportava
Inté as veiz eu sonhava
Perdeno minha maria
Antonce bebia
cachaça
Sendo esta a
disgraça
Que acabou meu casamento
Prumode batia
nela
Mar do que tranco im
janela
A vida virou tormento.
Mariinha sem entendê
Não sabia o que fazê
Passava o dia a
chorá
De veiz e quano
saia
E quano aparecia
Nóis começava a brigá
07
Meu amô virou doença
E vê ela na presença
Di um estranho qualqué
Me comsumia por dento
Era tanto sufrimento
Em Jesus perdi a fé.
E num é que certo dia
Eu avistei Mariinha
Cunversano com o ricaço...
im Mariinha e Perreira
Infiei
minha peixera
Acabano aquele abraço.
Eu matei minha Maria
Pur amô que eu sintia
E com ela, o mardito
Hoje tô arrependido
Pru matá sem tê sabido
O que os dois ali fazia.
E dispois do acunticido
Eu fiquei disiludido
Pur sabê que minha frô
Só levava os recado
Das coisa lá do roçado
A mando do seu avô.
Mariinha me amava
E nem sequer pensava
Em traí o seu marido,
Eu matei dois inocente
Que conversava contente
Pru isso tenho sufrido
08
Cuma eu num seio lê
Se o sinhô fô iscrevê
Essa históra de amargura
Diga aí que Zé
ferreira
Matô Maria e Pereira
Só pru pura disventura.
09
Premita me apresentá!
Eu sou o Zé e vou contá
Um causo que assucedeu
Adispois que me casei
Im ser filiz eu pensei
Mai isso não acunteceu
Me adiscurpe seu dotô
Peço licença ao sinhô
Pra mode eu expricá
Teno a vossa premissão
Num sei se tenho razão
Na histora que vou falá.
Vóimecê que é letrado
Das leis sabe um bocado
Intonce pode dizê
Mode o meu
acuntecido
De tanto eu tê sufrido
Num sei mai o que fazê.
Seu dotô um certo dia
Conheci uma senhoria
Por ela me apaxonei
De amô fiquei perdido
Aos seus pais
fiz o pedido
E entonce me casei.
O nome da senhoria!
Era a formosa Maria
Moça fogosa e facêra
E pru tela conquistado
Maginei ser invejado
Pelo ricaço Pereira.
01
Esse fie de fazendeiro
Conhecia o mundo intêro
E num é que si ingraçô
Da beleza de maria
Quando o pai dela fazia
Trabaio pro seu avô.
Esse cabra foi morá
Prós lado da capitá
Estudá cuma o sinhô
Vortô chei de talento
Adispois de munto tempo
Cuns dipromas
que comprô.
Morava em boa vista
Parecia um atista
E dos internacioná!
Cuma ele tinha diêro
Si amostrava, era matrero
E ao povo tratava má.
Esse fulano de tá
Afamado de ser má
Inganava ar mocinha
E né mermo seu dotô
Que o caba se aproximô
De minha noiva mariinha!
Adispois da ocasião
De eu tê pedido a mão
Da mais linda formosura
Alevantei um
cantinho
Dos seus pais,
ficou pertinho
Agradano minha
doçura.
02
Tivemo a filicidade
De se casá na
cidade
Num dia de São João
Cuma vivemo na roça
Lá fizemo uma paioça
Mode a
comemoração.
Adispois de abençuado
E o retrato tirado
Com a image de Jesus
Eu e Maria contente
Agredecido aos
presente
Fizemo o siná da cruz
Num sei se o sinhô sabe!
Déferente da cidade
Nóis fazemo no sertão
Quano tem
um casamento
Uma festança ao relento
Pra mantê a tradição.
Mai foi justo nesse dia
Que eu e minha maria
Conhecemo o ricaço
Que entre aquele povo
Chegava num carro novo
E em nóis deu um abraço.
Eu e Maria contente
Recebemo toda
gente
Sem tê disconfiança
E num é que o
camarada
Já buliu com minha amada
Nem respeitou a
aliança.
03
Mariinha não entendeu
E confesso que nem eu
O que tava
assucedeno
E no meio da fulia
O riquinho si
inxiria
Só nóis dois não tava veno.
Eu lhe digo meu patrão
Que os caba do sertão
É um povo sem mardade
Por isso não pecebemo
A intenção do moreno
De tê vino da cidade
Um casamento na roça
Com festança e paioça
É bonito pru dimais
Inda mais num mês junino
Onde o povo Nordestino
Com São João celebra a paiz.
Lá pra arta madrugada
A matutada animada
Assava mie na fuguêra
Uns sortava fuguetão
Dava viva a São
João
Ou dançava na poêra
Chegada a hora
do bolo
Chamaram dona consolo
Pra fazer a partição
E num é que um pedaço
Maria deu ao ricaço
Só pru pura educação.
04
O bóizinho da
cidade
Não entendeno a bondade
Que a Mariinha feiz
Cheio de má intenção
Maculô no coração
O pecado de uma
veiz.
Quando o dia amanhecia
Nóis com munta alegria
Fumo pro nosso
ranchinho
Cheio de simpricidade
Nem lembrava a
mardade
Rudiando nosso
ninho.
Lhe digo sem disigano
E revelo que meu prano
Pra eu e pra maria
Era viver bem tranquilo
E criá os nossos filhos
Com amô e alegria.
Eu confesso seu dotô
Nossa promessa de amô
Era feita todo dia
Cuma casá de
pintinho
Nóis vivia bem juntinho
Não tinha disarmunia.
E eu nunca maginava
Que o fulano adesejava
Realizar o planejado
De arretirar de mim maria
E intonce certo dia
Eu fiquei disinganado
05
Ela tinha indo a cidade
Caminhando a vontade
Quando o caba
apareceu
Com a cara de cafona
Ela aceitou a
carona
Entrano no carro seu.
Tava tudo
arquitetado
E cuma era amostrado
Foi falano pra
Maria
Quando ele
viajava
De tudo que comprava
Nos lugá que conhecia.
No trajeto da viage
Usano da malandrage
Cativava a
inocente
Lhe digo mai, seu dotô
Até lhe deu uma frô
Aquele bicho indecente.
Maria indiferente
Aceitano o presente
Sem sabê da intenção
E o caba cheio de asa
Saiu surrino pra casa
Bem convencido, patrão
Ela
intonce na cidade
Conheceno ar novidade
De que falava o fulano
Eu na roça trabaiava
E nem siqué maginava
O que tava se passano.
06
Com o decorrê do tempo
E pru diverso momento
Minha frô se recramava
E sem eu sabê pruquê
E nem mermo o que fazê
Baixava a cabeça e rezava.
Sempre que ia a cidade
Vortava com nuvidade
Veiz im quano diferente
Fui entonce
matutano
E as veiz predi
o sono
Só vivia descontente.
Aquela dúvida dotô
Eu confesso pro sinhô
Que dentro de mim ardia
Pro mode não suportava
Inté as veiz eu sonhava
Perdeno minha maria
Antonce bebia
cachaça
Sendo esta a
disgraça
Que acabou meu casamento
Prumode batia
nela
Mar do que tranco im
janela
A vida virou tormento.
Mariinha sem entendê
Não sabia o que fazê
Passava o dia a
chorá
De veiz e quano
saia
E quano aparecia
Nóis começava a brigá
07
Meu amô virou doença
E vê ela na presença
Di um estranho qualqué
Me comsumia por dento
Era tanto sufrimento
Em Jesus perdi a fé.
E num é que certo dia
Eu avistei Mariinha
Cunversano com o ricaço...
im Mariinha e Perreira
Infiei
minha peixera
Acabano aquele abraço.
Eu matei minha Maria
Pur amô que eu sintia
E com ela, o mardito
Hoje tô arrependido
Pru matá sem tê sabido
O que os dois ali fazia.
E dispois do acunticido
Eu fiquei disiludido
Pur sabê que minha frô
Só levava os recado
Das coisa lá do roçado
A mando do seu avô.
Mariinha me amava
E nem sequer pensava
Em traí o seu marido,
Eu matei dois inocente
Que conversava contente
Pru isso tenho sufrido
08
Cuma eu num seio lê
Se o sinhô fô iscrevê
Essa históra de amargura
Diga aí que Zé
ferreira
Matô Maria e Pereira
Só pru pura disventura.
09
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