quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O Papel do Papel - Wagner Leal Guimarães



Bem no começo do mundo
Eu ainda não existia
O homo sapiens me deu
A esperança que um dia
Eu poderia existir
E então poder servir
Aos “Josés” e às “Marias”



A evolução do homem
Gerou o meu embrião
E enquanto  se organizava
Formando sua geração
Ampliava a inteligência
E com muita paciência
Construiria a nação



Mas, precisava registrar.
Pra contar a sua história
E onde iria colocar
E guardar sua memória?
Com ajuda lá do céu
Eu nasceria: o papel
De maneira provisória



Pequenino, um pouco tímido.
Nem um pouco resistente
Fui crescendo bem franzino
Mas seria lá na frente
Uma invenção importante
Pra igreja e os reinantes
E pro  povo inteligente 
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Chamaram-me  de papiro
Há alguns tempos atrás
Eu guardei tantos saberes
Dos  segredos culturais
Fui “convocador” de guerras?
Mas também fiz paz na Terra
E ajudei aos casais



Com o meu uso  restrito
Pouca gente  me veria?
É porque naquela época
Sem a tecnologia
Só uns Sócrates, ou “Platões”
Filósofos, religiões
Só esses que me queriam



Expirados nos  guerreiros
Fui ficando resistente
Tive muita paciência
Sabendo  que lá na frente
Eu seria popular
Quem sabe  um Pop star
Um papel bem diferente



Então, na Idade Média
Eu já era bem usado
Do Matemático, orador
Estava popularizado
Minha fama só crescia
E previa que um dia
Dominaria o mercado



Escolas já se formavam
Como em Alexandria
Até mesmo  “Pitagóricos”
Antes de Cristo escreviam
Os Monges e principados
Eram eles educados
Com muita sabedoria
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Os livros foram grafados
Em quilômetros de papel
Escribas e inventores
Ofereceram-me troféu
Mas o meu grande legado
É  ser um livro sagrado
Grande  presente  do céu



Com essa ajuda divina
Já estava abençoado
Teria grande futuro
Diferente do passado
Mais e mais gente assim
Seria parte de mim
Eu seria eternizado



Nobres,  intelectuais
Já me deixavam partir
Pra cumprir a minha sina
A todo povo servir
Não somente a burguesia
Os proletários  podiam
Comigo se divertir



Mais não  foi assim tão fácil
Eu me popularizar
Ser  papel bem democrático
Espero que chegue lá
Formarei um mundo novo
Para educar o  povo
Que precisa me usar



Tive eu, grande notícia
Que me trouxe emoção
Pois tudo  se transformava
Com a industrialização
Modernizarão o papel
Mas prometo ser fiel
Ao propósito da nação
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De repente um novo mundo
Uma grande transformação
Novos livros, em escolas
Mas serei papel de pão
Papel seda, papelzinho
Revistas e jornaizinhos
Papelote, papelão



Escrevi os belos livros
Porque sou sofisticado
Guardo a história viva
Por muitos  sou cultuado
Tenho muita utilidade
Algumas sem qualidade
Mas dou conta do recado



Venho hoje do eucalipto
Me chamam de celulose
Até já sou reciclado!
Misturando bem a dose
Falam que o computador
Vai tirar o meu valor
Pra me causar psicose



Príncipe da papelaria
Vivo hoje meu reinado
Venho de longo período
Pra poder ser consagrado
Ninguém  vive sem mim
Mas como tudo tem fim
Estou  ficando preocupado



Com a chegada da internet
Diminuíram os recados
Nos Celulares,  face books
Estão   popularizados
Nem as cartas nos correios!
Telegrama, só  e-mail
Isto  me deixa estressado
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Meu uso é bem extenso
Caderno, livro, dinheiro
Estou  na mesa, no armário
Vivo sempre no banheiro
São diversas utilidades
Servindo a sociedade
De todos sou companheiro



O papel de um papel
É poder ter grande  uso
Deve ser bem consciente
Não pode ficar confuso
Pois está por todo lado
Entre o leigo e o letrado
Nunca será um  intruso



Sei que um dia terei fim
Como quase tudo tem
Mesmo assim serei feliz
Pois fui muito mais além
Eu fiz parte da história
Escrevi grandes memórias
Serei lembrado também



Da missão que me foi dada
Prometo serei fiel
Quem  sabe na  trajetória
Posso até virar cordel
Não deixem vocês, de ler
Para poder entender
A importância do papel.
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