quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O PASSADO NÃO PASSOU - Wagner Leal Guimarães


Vou falar de um sujeito
Que se achava sabido
E na sua adolescência
Queria tocar de ouvido
E comprou um violão
Pra cantar uma canção
E mostrar a seus amigos.

Quando ele ia dedilhar
Aquele som não saia
Por isso se lamentava
Sem ouvir a melodia
Procurou um professor
Um grande orientador
Para ver se conseguia.

O nome dele é Aroldo
E foi seu primeiro mestre
Que lhe passou uns acordes
Como atividade teste
Se fizesse o movimento
Mostraria seu talento
Se o mesmo assim tivesse.

Esse grande desafio
Entregue para o sujeito
Deixou-lhe por dia e noite
Com o violão no peito
Depois de desafinado
Com os dedos machucados
Fez um acorde perfeito

Foi grande o contentamento
Pois cumprira o desafio
Que de tanto ele tentar
Com esforço conseguiu
E após a outra aula
Conheceu uma escala
Que cantou de assobio

Continuou estudando
E o tom era alegria
Suas médias sempre boas
No estudo da teoria
Mas música no violão
Pra tocar qualquer canção
Quase nunca conseguia

E o sujeito insistente
A aula jamais faltava
Em casa treinava muito
Errava e continuava
SI, LÁ, DÓ, RÉ, MÍ, FÁ, SOL.
Sustenido e bemol
Na clave de sol tocava.

O jovem admirador
Das pessoas de talento
Só pensava em aprender
A arte dos movimentos
Que os dez dedos das mãos
Faziam no violão
Todas ao mesmo tempo.

Alguns anos se passaram
E também o professor
Poucas músicas ele tocava
Decoradas com louvor
Mas pra tocar de ouvido
Até hoje eu duvido
Que ele nunca acertou

Foi para outra escola
Com bastante alegria
Bons amigos e colegas
Nesta casa conhecia
Em teoria musical
Estudou canto coral
E concluiu harmonia

Neste meio apresentado
Conheceu vários talentos
E o maestro Marco César
O professor do momento
Que tocava bandolim
Violão e “cavaquim”
Dentre vários instrumentos

Ele comandava orquestras
Seus arranjos eram perfeitos
Sendo frevo, maracatu
Tocava de todo jeito
No seu grupo de chorinho
Com flauta e cavaquinho
E o violão do sujeito.

Nesta longa trajetória
Muita coisa aconteceu
E a parte da teoria
O camarada aprendeu
Com média maior que nove
Mas tocar nem quando chove
Pois o sujeito sou EU.

Eu sempre fui esforçado
E amante do que é bom
Mas da música te garanto
Aprendi somente os sons
Tive um grande professor
Que logo identificou
Meu problema com o tom.

Ele disse que eu não tinha
Uma boa percepção
E que infelizmente
Apesar da intenção
Sem o ritmo perfeito
Não tocaria direito
Para minha decepção.

Entendi o professor
E jamais culpei o mesmo
E apesar do meu esforço
As notas eram a esmo
No ritmo da melodia
Alguns tons que conseguia
Estava fora dos termos

Resolvi parar um tempo
Violão não quis tocar
Para mim a boa música
Só iria apreciar
E o choro do bandolim
Do banjo e “cavaquim”
Só queria escutar.

Mas digo com muito afinco
De tocar eu não desisto
Este grande desafio
Acho ainda que conquisto
E vai ser tanta emoção
Ao dedilhar o violão
Daquele sonho previsto.

Wagner Leal Guimaraes
Junho 2014

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