quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O lamento da bicharada - Wagner Leal Guimarães




A exploração inadequada
Dos recursos naturais
Tem causado a extinção
De  centenas de animais
Fauna e flora estão morrendo
As Geleiras derretendo
E o humano o que faz?



Tive um sonho certo dia
Que me causou aflição
Os bichos se reclamavam
Temiam a destruição
E apontando o culpado
O homem foi condenado
Pela maldita extinção.



Uma abelha me falou
As flores estavam aqui
Eu trabalhava contente
Para poder existir
O  meu néctar ia pegar
Até podia brincar
Mais não posso desistir


Hoje, viajo quilômetros.
A procura de um lar
O homem cortou as matas
Aonde eu ia me instalar
As colmeias estão morrendo
O meu mel enfraquecendo
E  só posso lamentar

01


Apareceu uma formiga
E entrando na conversa
Concordou com a abelha
E falou sem muita pressa
_Eu só ando com cuidado,
Pra não ser envenenado!
Vivo  fazendo promessa.



Às vezes tomava mel
Para as abelhas pedia
Andava bem à vontade
Com os bichos eu me entendia
Tinha folhas pra cortar
Um lugar para morar
Era assim que eu vivia



A abelha e a formiga
Já saíra do meu lado
Foi então que eu escutei
O canto desconsolado
Lá no alto de um juá
Avistei um sabiá
Que falou desconfiado
  

Sou  um pássaro de sorte
O tiro não me acertou
Já a minha companheira
Aquele homem a matou
Eu perdi os três ovinhos
Que ficaram neste ninho
No lugar que ela deixou


De repente uma borboleta
Fez a sua confissão
Várias das minhas espécies
Já estão em extinção
Brevemente eu também
Partirei para o além
É de cortar coração!
02


Um sapo e um escorpião
Vieram interrogar
O que os bichos fizeram?
Para o homem lhes matar!
Pois somos controladores
Dos mais diversos vetores
Que atacam ao seu lar



Rastejando sorrateira
A “coral” me perguntou
É você que é o homem?
O animal sem valor!
Que destrói a natureza
E envenena as represas
Corta as árvores, sem pudor!


E antes que respondesse
Essa sua indagação,
Ela disse, o meu veneno
Salva  sua geração
E sem poder resistir
Você quer nos destruir
Sem por nós ter compaixão.
  

O sonho continuava
Com vários bichos ao lado
Cada um que questionava
Deixando-me atordoado
Eu quis me justificar
Mas sem ter o que falar
Concordei ser o culpado.



Viajando no meu sonho
Fui   direto ao pantanal
Onde tem diversos bichos
De beleza sem igual
Hoje muitos já sumiram
E os poucos que resistiram
Vão sofrer do mesmo mal.
03


O esturro de uma onça
Quase que me acordou
Deixou-me estremecido
O quanto que ela falou
Reclamou por seu espaço
Do alimento que é escasso
E do terrível caçador.



E apareceu a pantera
A raposa e o guará
O mico-leão-dourado
Foi falando sem parar
Estou aqui no seu sonho
Pra pedir meio tristonho
Cuide do tamanduá



A arara taramelando
Juntou-se ao periquito
E pediram ao papagaio
Que fala bem mais bonito
Lembrem a esse racional
Que este sonho é real
Que os bichos estão aflitos



E de tantos animais
Que estavam intranquilos
Lembro-me do peixe-boi
O jacaré e o crocodilo
De uma anta e um pavão
Uma garça, um gavião.
Uma lebre e um esquilo.



Milhares de animais
Estiveram ao meu lado
Sem saber o que fazer
Eu gritei desesperado
Foi então que acordei
E depois que despertei
Só ando desconfiado
04


A natureza em alerta
Aos danos que o homem faz
Um dia se manifesta
Vai vingar os animais
Se o homem não preservar
Logo um preço vai pagar
Sem poder voltar atrás.
  


Os animais reclamaram
Mandando o seu recado
Pedem que o bicho homem
Seja ele censurado
Pra que possa compreender
Que precisa proteger
Suas riquezas com cuidado.



Sei que os bichos têm razão
Mas não sabem protestar
Temos que ser conscientes
Precisamos preservar
Pois senão, em pouco tempo
Só teremos o lamento
E história pra contar.


05

Nenhum comentário:

Postar um comentário