terça-feira, 18 de março de 2014

A DESCIDA DA TOYOTA - Valter "O Leal"



Uma Toyota sem freio
Desembesta na carreira
Descendo numa ladeira
E uma cadela no meio
Um motorista “véi” feio
E quinze velhas moendo
Uma buchuda gemendo
E um doido correndo dela
Gritando pela janela
Que a Toyota está tremendo.

Toyota velha correndo
Voando desembestada
Gente pula pra calçada
E as 15 velhas moendo
Buchuda ainda gemendo
E o doido desce a ladeira
Falando da tremedeira
Pro motorista bisonho
Que não sabe nem em sonho
Como parar a tranqueira.

Vendo a cena acontecendo
Um cabra pula da sela
Joga pro lado a magrela
Fica todo se tremendo
Avista o doido correndo
Fica sem a bicicleta
Porque o leso é atleta
E pedala sem parar
Pra vê se pode esbarrar
No carro feito uma seta.

E vai chegando na feira
Quebra torda e voa fruta
Passa por uma matuta
Uma velha e uma freira
Assanha uma cabeleira
Levanta a saia da moça
Bate o pneu numa poça
Joga água num bacana
Quebra um cacho de banana
E ai é que ganha força.

Ai uma bruaca ensossa
Se estabaca no chão sujo
A lesma de um caramujo
Se encaixa em sua bolsa
E a sorte lhe reembolsa
Com um montão de formiga
Não aparece uma amiga
Atenção, só pra Toyota
E o diabo é que a marmota
Segue vendo a placa siga!.

Mais a frente a bicha bate
Num som com CD pirata
Leva torda de alpargata
Enquanto um cachorro late
Um monte de gente parte
Atrás do doido também
Um guarda não se contém
Começa aplicar uma multa
E o bisonho na labuta
Não enxerga mais ninguém.

Uma tuia de panela
Vira barro novamente
E o artesão descontente
Bota a boca na tramela
A cesta de seriguela
Vira só caroço e casca
Enquanto um moleque tasca
Uma pedra no pneu
E um vendedor de breu
Cospe o tabaco que masca.

Puxa o volante folgado
Uma das velhas rezando
As outras velhas gritando
Um rosário atrapalhado
O motorista arretado
Pede pelo amor de Deus
Pagando os pecados seus
Enquanto nasce o menino
Ele torce por um pino
Ou uns pregos nos pneus.

La fora é um desespero
Dentro do carro uma briga
Mas um montão de espiga
De milho por derradeiro
Se espalha no mundo inteiro
Faz a Toyota enganchar
Diminui, mas sem parar
Derruba o doido no chão
Acho que a festa em São João
Não vai ter milho pra assar.

Depois da feira desfeita
Do povo todo assustado
Conferir o resultado
Não será de fácil empreita
Muita gente insatisfeita
É gente rindo e chorando
O bisonho lamentando
E o doido todo arranhado
E ainda muito arretado
Vendo a Toyota parando.

Um poste depois do milho
Fez a charanga parar
E o doido foi segurar
A ex-buchuda com o filho
Um garotão cheio de brilho
Fica de lado espiando
As velhas todas brigando
E a única coisa que sei
É que só quando acordei
Eu vi que estava sonhando.

Valter “O Leal” 14.02.2014
O CARNAVAL DE PESQUEIRA-PE

O carnaval dos Caiporas
Da cidade de Pesqueira
É o carnaval da rendeira
Folia de grande história
É uma festa de glória
E de todas as culturas
Cantada em trio, nas alturas
Blocos e troças também
E o povo não se contém
Contando suas venturas.

Nosso carnaval é feito
Com troças tradicionais
Blocos de outros carnavais
Brincando do mesmo jeito
Na tradição eu me deito
Brinco na escola de samba
Vejo gente pra caramba
No palco cantando frevo
Nessa hora eu me atrevo
Porque na dança sou bamba.

Temos o Lira da Tarde
Décadas de tradição
Nós temos frevo-canção
Feitos sob o sol que arde
Uma saudade covarde
De figuras que partiram
De alguns blocos que sumiram
Mas temos muita alegria
Pra festejar a magia
Dos mais novos que surgiram.

Esse é o carnaval da paz
Que tem show no palco e trio
Onde ninguém sente frio
Pois com a festa que se faz
Menino, moça e rapaz
Velho, senhor e senhora
Gente de hoje e outrora
Pulam pra se divertir
O calor humano aqui
É o que se vê toda hora.

Nós temos Os Fuzarqueiros
E o Maracatu Nação
Raízes de Pai Adão
Mais ainda: Os Cangaceiros
Cai o Frasco, o tempo inteiro
Brincando com O Cipitinga
Oz fala Errado “se vinga”
Criticando o português
E a Velha Guarda cortês
Pula, chega o suor pinga.

Com As Catraias Donzelas
Irreverencia e magia
O Centenário em Folia
O Vaca Louca é mazela
Quando O Urso se revela
Mostrando quem é pra Os Cão
O Lira da Tarde, então
Enchendo a praça de gente
Deixa O Macaco contente
Se juntando à multidão.

Os Caiporas, sem igual
Puxam o bloco 2 de Ouro
Cambindas Velhas, tesouro
Desse nosso carnaval
Tem também: Paixão Coral
E é Rubro Negra a Nação
Os Papudinhos se vão
Seguindo o Peixe na Vara
O Virakopus não pára
Junto ao Bloco do Caixão.

Timbaladoido pintados
Dançam até maracatu
E Os Meninos de Lulú
Não se fazem de rogados
Quando são solicitados
Porque brincar é seu foco
Então, ao leitor invoco
- Vem pular com alegria
Num carnaval de magia
Seguindo O Último Bloco.

Carnaval igual não há
Como o feito por aqui
A nossa LABARIRI
E a Gigantes do Ororubá
São Escolas, pra sambar
E seguir as tradições
Grandes agremiações
Feitas por heróis do povo
E ano que vem de novo
Seguirão suas missões.

Já visitei Salvador
São Paulo, Rio de janeiro
Vi Olinda em fevereiro
E Recife em seu fervor
Fantasia em toda cor
No sobe e desce ladeira
Da cidade mais ordeira
Vem cultura e tradição
Peço às outras, meu perdão
Mas não há igual Pesqueira.


Valter “O Leal” 14.03.2014


Nenhum comentário:

Postar um comentário