segunda-feira, 2 de março de 2015

JÁ PENSOU SE COM SEDE O SUDESTINO, VEM AQUI PRO NORDESTE SACIAR! - Valter “O Leal”

















Cinco séculos de seca nós vivemos
Convivemos com ela numa boa
Se algum dia aparece uma garoa
Nós rezamos, com a sorte que tivemos
Ao bom Deus pela chuva agradecemos
Que o melhor que fazemos é rezar
Junto a nós todos vêm acompanhar
Seja a mãe, seja o pai ou o menino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Quando a seca ultrapassa sete anos
Vem pra cá gente da televisão
Pra falar nos jornais sobre o Sertão
Com matérias e assuntos desumanos
Caricatam a nós seres humanos
Mostram então, uma imagem de chorar
Não perguntam se a gente quer falar
Descrevendo por fim nosso destino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Nossa sede por tempos foi usada
Pra prender-nos qual burros no curral
E a mentira do ano eleitoral
Na campanha era sempre utilizada
Emergência era arma de fachada
Pra fazer o matuto trabalhar
Era a “Frente” uma máquina de humilhar
E até subjugar o nordestino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Sudestino e sulista só pensava
Que o nosso QI não era igual
E viramos sinônimo de animal
Porque era o que a mídia divulgava
Quando alguém, ao Nordeste visitava
Encantava-se ao ver nosso lugar
Sem saber dessa forma o que pensar
Conhecendo esse povo tão divino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

O castigo que coube ao nosso povo
Por centenas de anos perdurou
E o sistema que sempre nos usou
Espremeu-nos igual pinto no ovo
Quando um ano era ruim, outro de novo
O alento que alguém queria dar
Era só prometer de melhorar
Continuando o andar do peregrino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Foi aqui no Nordeste que nasceu
O país que chamamos de Brasil
Foi daqui que expulsamos povo vil
Nossa gente entre guerras já morreu
Esse povo de sede pereceu
E perece até hoje sem parar
Mas consegue com a seca se ajeitar
Aprendendo de um jeito paulatino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Melancias, melões e laranjeiras
Limoeiros, também canaviais
Cacaoeiro, parreiras, bananais
Cajueiros, pitangas e mangueiras
Mamoeiros, coqueiros, goiabeiras
Tudo isso essa terra pode dar
E até vinhos podemos fabricar
Sendo grandes, no mercado latino
Já pensou se com sede o sudestino
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Igualmente a o povo do Sudeste
Nossa gente é guerreira, firme e forte
Pode haver outra igual do Sul ao Norte
Ou quem sabe também no Centro-Oeste
Mas pintaram o meu povo do Nordeste
E uma lata à cabeça só com ar
A pintura foi fácil de secar
E a moldura é de um mundo clandestino
Já pensou se com sede o sudestino,
Vem aqui pro nordeste saciar!.

É que aqueles que viram o sofrimento
Desdenharam da gente o tempo todo
Hoje em dia, tomando banho em lôdo,
Já não brincam em nosso detrimento
As TVs ainda estão, todo momento
Insistindo em com a gente comparar
E se o volume quiser ressuscitar
Vão ainda insistir no desatino
Já pensou se com sede o sudestino
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Estou rezando pra seca do Sudeste
Não durar feito a nossa vem durando
Pois não sei se resistem, e até quando,
E se lá ainda houver “Cabra da Peste”
Foi alguém que saiu cá do Nordeste
Indo lá, pra viver e trabalhar
Outra coisa!... Se esse povo for voltar
- Ficará pouca gente seu menino!
Já pensou se com sede o sudestino
Vem aqui pro nordeste saciar!.

Há de vir uma chuva solidária
Pra encher todo açude “catareira”
E assim a megalópole brasileira
Sairá da situação precária
Só espero, que essa seca tão lendária
Molhe as mentes, botando-as pra pensar
Lave os olhos, fazendo-os enxegar
Quem nos ver inferiores, está sem tino!
Já pensou se com sede o sudestino
Vem aqui pro nordeste saciar!.


Valter “O Leal” 30.01.2015

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