Sou a
mesma que fui
Porém o
amor em mim
muito
mais de amor
muito
mais incrustados amor, véu
auroras
e infinitos
Muito
mais silêncio sou
do
objeto amado
Sou a
mesma que fui
Só os
meus olhos anoiteceram mais
que o inverno oceânico
que as vazantes
do mar
Guardo
em gavetas velhas
em
sacos escuros,
em
fundos de jarros
atrás
das touceiras do jardim
atrás
das sombras leves
quando suspiram as bromélias
minhas
paixões de ti
Não há
forma
Não há
tese que a justifique
nem luz
alguma que a roube
Só uma
perturbação no meio da noite
Como o
latejar de uma unha chagada
uma
insônia que deixa aberto
os perfumes dos jasmins
Sou a
que fui e mais de um pouco
que nem sei
Desdobra-se
o culto perpétuo e
incomensurável dos teus olhos
cai nos
versos, cai na prosa,
na
areia, no gemido e na distância
em que as estrelas choram
nas
minhas confidências mudas
Não
está pautada minha nota
da
canção de ti
não
está expressa no estio do peito
no tom
marinho dos grilhões
na
epiderme da folha...
Guardei
na envelope azulada
vencida
de suspiros
todo o
amor tolo e ascético
Toda a
minha descorada alegria e
a que
fui e que ocupa hoje o último quarto
Que só
eu visito.
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