sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

INSÔNIA - Jacqueline Torres


Esta noite não tenho sono
Nem fome,
Nem velas,
Nem fogueiras, lustres, alfazemas
Batismo
Apenas uma teima
Um não querer render-se
à macróbia tarefa
entalada dentro das horas.
Sombreia a mão minhas paredes
Esta noite
o sono perambula nu pela rua
perfuma-se de demora
E pesa nas pálpebras sem rendição
Mais uma noite de insônia
fadiga-se de mim e ri sobre os lençóis...
Esta noite me vesti de sombras
E te recebi adornada de hipocampos
Junto de mim, o silêncio
A mão arremeteu uns versos
contra o cristal do abismo
Distraiu-se com nada
Gestou a chuva
Tomou-se de cio
E escreveu versos sem certeza
fecundados de insônia
Eras uma ilusão, um nó
Reformulou-se da terra que não dorme
das pétalas que contaminam de cor
a escuridão...
Então as cinzas que alimentam
os lírios
Cumpriram a garantia da vigília
E atravessei outra noite
tocaiando o sono ao pé de mim
Confidente eu do meu deserto
Serva dócil de minha insônia.

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